Bombardeios e crise Netanyahu-Lieberman complicam possível cessar-fogo

  • Por Agencia EFE
  • 07/07/2014 13h20

Saud Abu Ramadan e Javier Martín.

Gaza/Jerusalém, 7 jul (EFE).- A morte de oito milicianos em bombardeios israelenses sobre Gaza e a decisão do ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, de romper com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, complicaram os esforços de reduzir a tensão entre Israel e Hamas.

Lieberman, um dos líderes mais duros da atual coalizão de governo, e Netanyahu tiveram uma acalorada discussão sobre o tipo de resposta que Israel deve dar ao movimento islamita Hamas, a quem acusa do assassinato dos três jovens israelenses desaparecidos em 12 de junho.

O resultado foi um primeiro golpe para Netanyahu: o chefe da diplomacia e líder do partido direitista Israel-Beiteinu anunciou o rompimento com a plataforma que seus respectivos partidos formaram no final de 2012 para concorrer às eleições de janeiro de 2013.

A aliança “Yisrael Beiteinu-Likud” conquistou 31 cadeiras, 11 das quais pertencem ao partido dirigido por Lieberman.

A decisão deixa também ameaçada a continuidade da própria coalizão de governo, que nos cerca de 15 meses que está no poder se sustentou a duras penas.

Além de Lieberman, Netanyahu se apoia no ministro das Finanças e líder nacionalista e pró-colono Naftali Bennet, na pragmática ministra da Justiça, Tzipi Livni, e no populista ministro da Economia, Yair Lapid, antiga estrela da televisão.

Lapid e Livni já ameaçaram meses atrás abandonar Netanyahu, especialmente após o fracasso do diálogo com os palestinos.

As diferenças aumentaram na segunda-feira passada após os corpos dos três adolescentes israelenses terem sido encontrados, quando Lieberman e Bennett exigiram uma resposta militar dura e Lapid e Livni o comedimento.

Israel acusa dois membros da ala militar do Hamas, ex-presos em prisões israelenses, procurados desde o mesmo dia em que os jovens desapareceram.

Nesta operação militar, ainda em andamento, foram detidas cerca de 500 pessoas, a maior parte membros do Hamas na Cisjordânia, e desmanteladas diversas instituições civis e de propaganda vinculadas ao grupo. Sete pessoas morreram , cinco delas baleadas pelo exército israelense, e várias outras ficaram feridas.

Logo após os corpos serem encontrados, Netanyahu afirmou que o plano de resposta teria três fases: encontrar os culpados, destruir a infraestrutura do Hamas, e impedir o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza, que aumentou desde que os adolescentes desapareceram.

Sexta-feira Lieberman criticou com dureza esta política ao afirmar que considerava “um erro grave” negociar com o Hamas.

Logo após os corpos serem encontrados, Netanyahu afirmou que o plano de resposta teria três fases: encontrar os culpados, destruir a infraestrutura do Hamas, e impedir o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza, que aumentou desde que os adolescentes desapareceram.

A aviação israelense rebateu com bombardeios sobre a Faixa em que 12 milicianos do Hamas morreram e do grupo radical palestino “Jihad Islâmica”, além de uma criança de sete anos.

A negociação política também não parece ser desejada pelas milícias radicais, incluído o braço armado do Hamas, mais favoráveis ao enfrentamento aberto depois de oito milicianos serem assassinados em Gaza nas últimas horas.

Segundo fontes na Faixa, seis membros das “Brigadas al Qasam”, braço armado do Hamas, morreram no domingo atingidos por um míssil israelense no túnel no qual buscavam cubro.

Além disso, dois membros da “Jihad Islâmica” morreram em um ataque sobre o campo de refugiados de Bureij, no centro de Gaza, e uma terceira pessoa morreu em Rafah, na fronteira com o Egito.

“Sangue por sangue, aqueles que prendem o fogo se queimarão com seu próprio fogo. O sangue de nossos mártires não será derramado em vão”, advertiu hoje o Hamas em comunicado.

“O inimigo sionista fala de calma enquanto derrama o sangue de nosso povo em Gaza, Jerusalém, Cisjordânia e nas terras ocupadas desde 1948. Detém os prisioneiros que tinham sido libertados e mantém a ofensiva militar a Gaza com o silêncio internacional”, acrescentou.

No meio das trocas de declarações e ameaças, o embaixador do Egito em Ramala, Wael Attiyah, confirmou no domingo que seu país “media entre as partes há dias para devolver a calma a Gaza”.

Uma mediação ainda infrutífera que o Hamas por enquanto nega e que Israel garante que não avançará por causa da decisão do movimento islamita de ignorar as propostas do Cairo.

Fontes diplomáticas disseram à Agência Efe que o Hamas espera um presente do Egito para controlar o resto das milícias, que nas últimas horas assumiram a autoria dos disparos de bombas: a abertura de Rafah, que aliviaria a ofensiva e a crise em Gaza. EFE

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