Bônus na conta de água rende 2 Guarapirangas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/05/2016 11h18
SP - SISTEMA CANTAREIRA/REPRESA JAGUARI - GERAL - Vista da Represa do Jaguari, que integra o Sistema Cantareira, no município de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP), na manhã desta quinta- feira, 28. 28/04/2016 - Foto: NILTON CARDIN/ESTADÃO CONTEÚDO NILTON CARDIN/ESTADÃO CONTEÚDO - 28/04/2016 Vista da Represa do Jaguari

O programa de bônus com descontos na fatura dos clientes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que reduziram o consumo de água durante a crise hídrica resultou em uma economia de 332 bilhões de litros em pouco mais de dois anos de vigência da medida, segundo dados da estatal. Lançado em fevereiro de 2014, o estímulo aos consumidores foi suspenso a partir deste mês, após o governo Geraldo Alckmin (PSDB) declarar o fim da crise, em março. 

O volume poupado de forma espontânea pela população, segundo a Sabesp, equivale a quase duas represas do Guarapiranga cheias (171 bilhões de litros), manancial que fica na zona sul da capital paulista, e seria suficiente para abastecer todos os moradores da Grande São Paulo – cerca de 20 milhões de pessoas – por mais de 100 dias, de acordo com a companhia.

No auge de adesão ao programa de bônus, entre maio e julho do ano passado, 83% dos consumidores reduziram o gasto com água em relação à média de consumo pré-crise. À época, 73% dos clientes obtiveram descontos de 10% a 30% na fatura. Em março deste ano, o total de clientes que receberam o benefício na conta caiu para 43%, após a estatal dificultar as regras de concessão do estímulo. Os dados de abril, último mês de vigência do programa, devem ser divulgados nos próximos dias.

A Sabesp afirma que a adesão da população ao programa foi fundamental para evitar o colapso do abastecimento de água na região metropolitana durante a crise hídrica. O bônus, por outro lado, gerou uma perda de receita à companhia de quase R$ 1,5 bilhão desde 2014, valor que equivale a três vezes os custos da obra de transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira. As perdas foram amenizadas com os R$ 660 milhões arrecadados com a multa para os chamados “gastões” desde janeiro de 2015, também extinta em maio. 

Vazamentos

Só no condomínio administrado pelo síndico profissional Marcelo Alves, de 46 anos, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, a ação de caça a vazamentos internos e a redução do consumo dos cerca de 2,5 mil moradores resultaram numa economia de R$ 100 mil na conta de água na comparação entre o ano passado e 2014. Ele conta que, após instalar medidores de consumo em cada um dos dez prédios do condomínio, detectou 40 pontos de vazamentos, que resultavam em uma perda de 1,8 milhão de litros por mês. 

“Para incentivar a economia, criei um bônus anual para os seis funcionários registrados e que está atrelado à redução do consumo de água. Todos os dias eles monitoram os medidores para ver se há algum vazamento”, conta. As iniciativas levaram a uma queda de mais de 30% no consumo de água do condomínio e de 45% na conta da Sabesp. Já os funcionários receberam bônus de R$ 12 mil no final do ano passado.

Agora que a estatal acabou com o programa de descontos na fatura, o síndico quer concluir a instalação de um poço artesiano, com uma vazão de até 10 mil litros por hora, para reduzir a demanda da rede pública de abastecimento. Alves acredita que o investimento de cerca de R$ 100 mil no equipamento deve gerar uma economia mensal de R$ 15 mil e ser pago em seis meses.

A Sabesp ainda não sabe como será o comportamento dos consumidores com o fim da multa e do bônus. No primeiro trimestre, quando foi decretado o fim da crise, o consumo residencial subiu 3% em relação ao mesmo período de 2015, mas o industrial e comercial caíram até 9%.

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