Bradesco espera concluir aquisição do HSBC na primeira quinzena de julho

  • Por Estadão Conteúdo
  • 08/06/2016 16h53
Wikimedia Commons Agência

O Bradesco espera concluir a aquisição do HSBC com o pagamento do negócio na primeira quinzena do mês que vem, de acordo com Alexandre Gluher, vice-presidente do banco. Agora, segundo ele, começam os debates em torno da avaliação do preço do ativo, que era de US$ 5,2 bilhões no anúncio do negócio, em agosto do ano passado.

“Quando fizemos o negócio no ano passado, o valor de US$ 5,2 bilhões estava baseado no balanço de dezembro de 2014. Assumimos uma regra de ajuste de preço conforme as variações patrimoniais desse período. Acompanhamos os dados públicos e não temos acesso a dados protegidos por sigilo. Os dados até agora nos mostram que os ajustes de preço não devem ser relevantes. Serão muito pequenos”, disse Gluher, em teleconferência com a imprensa, nesta tarde.

De acordo com ele, nos próximos 90 a 100 dias, Bradesco e HSBC devem operar com as duas bandeiras e, em meados de outubro deste ano, passar a atuar sob uma marca única. Gluher afirmou ainda que o processo em termos de desenvolvimento de tecnologia para a integração está bastante adiantado e que o banco se debruçará no cumprimento dos prazos.

O vice-presidente do Bradesco afirmou que o balanço do segundo trimestre não mostrará efeito da aquisição do HSBC, uma vez que o pagamento só ocorrerá em julho. Segundo ele, o balanço consolidado com números do HSBC será em setembro. O balanço único, de acordo com o executivo, apenas em dezembro.

Com o HSBC, o Bradesco somará R$ 1,255 trilhão em ativos totais, montante 16,2% maior, considerando os números de dezembro de 2015. Já a carteira de crédito do banco, também levando em conta a mesma base, terá aumento de 15,0%, para R$ 545,3 bilhões. A rede física totalizará 5.358 agências com a agregação de 851 unidades do HSBC. Em termos de clientes, serão adicionados 5 milhões de correntistas, totalizando 31 milhões.

“Há sobreposição de agências, mas a rede do HSBC é bastante complementar. O banco está posicionado em regiões relevantes para melhorarmos nosso nível de penetração física, fora o segmento de alta renda. O banco trará um incremento importante em certos negócios, envolvendo seguradora, gestão de recursos”, disse Gluher, ressaltando ainda o quadro de colaboradores do HSBC, que também pesou no interesse do Bradesco pela instituição

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta por unanimidade, mas com restrições, a compra do HSBC pelo Bradesco. Só faltava o aval do regulador. O Banco Central já havia autorizado o negócio em dezembro último e a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em outubro do ano passado. 

Venda de carteiras

O Bradesco não descarta a possibilidade de vender carteiras de crédito para evitar o chamado arrasto de rating com a integração do HSBC, conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) no mês passado, mas olhará a estratégia com “parcimônia”, de acordo Gluher. 

“Não podemos deixar de considerar (a venda de carteiras), mas temos de levar em conta as características do negócio e o tamanho do impacto, se é que vai existir. O raciocínio (evitar o arrasto de rating) está perfeito, mas a venda de carteira não é uma alternativa preponderante”, afirmou ele, em teleconferência com a imprensa, realizada há pouco.

Gluher lembrou que o Bradesco não é um banco “muito ativo” na venda de carteiras de crédito e que a estratégia não faz parte do seu dia a dia. A instituição é o único grande banco no Brasil que ainda não faz cessão de empréstimos. No ano passado, o Bradesco chegou a fechar a venda piloto de uma carteira de créditos vencidos, conforme fonte, mas não avançou, uma vez que culminou com a compra do HSBC.

O vice-presidente do banco afirmou que as possibilidades em termos de provisionamento serão avaliadas daqui para frente, após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que ocorreu nesta manhã. Ele destacou, contudo, que o HSBC, assim como o Bradesco, é “conservador” e, por isso, o banco espera impactos “mínimos, muito baixos” da integração sob essa ótica. “A melhor leitura que podemos fazer é de que o HSBC tem nível de provisão adequado. Esperamos pequenas divergências e que serão corrigidas. Boa parte vão se compensar”, acrescentou ele.

Em termos de capital, conforme o executivo, o Bradesco também está “preparado” para suportar a incorporação do HSBC. Segundo ele, a integração será feita “sem grandes traumas” em termos de capital e as regras de Basileia.

“A aquisição do HSBC, cujo investimento anunciado é de US$ 5,2 bilhões, é o maior negócio que o Bradesco já fez em termo de desembolso. Reforça, de maneira inequívoca, a confiança no Brasil e na retomada da economia. A autorização do Cade completa um ciclo de autorizações que passou por vários estágios, culminando com a autorização de hoje”, avaliou Gluher.

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