Brasil, Argentina e Venezuela atrapalham crescimento da América Latina
Bogotá, 21 jan (EFE).- As economias da Argentina, do Brasil e da Venezuela estão na contramão da “tendência crescente” que a América Latina registrou em 2014, com um avanço econômico de 0,6% e um crescimento do PIB regional de 1%, alertou um estudo da consultoria espanhola FocusEconomics.
A queda contínua dos preços do petróleo e a desvalorização anunciada da cotação das moedas latino-americanas contribuíram para o comportamento “errático” da economia dos três países, explicou o relatório “Latin Focus Consensus Forecast”.
Segundo o estudo, a economia brasileira registrou uma ligeira expansão no terceiro trimestre de 2014. Mas, em novembro, a atividade econômica estagnou e a produção industrial diminuiu, algo que os analistas “duvidam que o governo tenha capacidade de reaquecer”.
O relatório, que apresenta números anuais das principais variáveis econômicas regionais, também registrou “uma contratação significativa” nos PIBs da Venezuela (-3,6%) e Argentina (-0,8%), após a “redução dos valores das reservas de petróleo” e a alta da inflação nos dois países.
No caso venezuelano, a consultoria afirmou que “o clima econômico está se deteriorando gravemente por causa de uma inflação galopante” e da queda do petróleo. Por isso, espera uma redução de 3,8% do PIB do país em 2015.
A forte desaceleração do consumo interno, que chegou a um mínimo histórico, influenciou diretamente a retração de 0,8% da economia argentina. E atrapalha também as projeções futuras, refletindo, inclusive, em casos como a renegociação da dívida do país, afirma o relatório.
Os números se contrastam com a aceleração registrada em outras economias da América Latina, como a República Dominicana (7,1%), o Panamá (6,4%), Colômbia (4,8%) e Paraguai (4,1%).
Os avanços foram superiores, inclusive, ao de grandes economias internacionais, como dos Estados Unidos (2,3%), da União Europeia (0,8%) e do Japão (0,3%). Mas ainda ficam longe da China, que cresceu 7,4% no último ano.
Para 2015, a consultoria espera uma expansão de 1,5% na América Latina, uma inflação média de 13,3% e um balanço fiscal sustentado de -4,5%, números piores do que em outras regiões do mundo.
Nessa mesma linha, o diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, expressou hoje sua “inquietação” sobre o desenvolvimento da economia latino-americana, rebaixando a previsão regional para 1,3% neste ano, uma redução de 0,9 pontos percentuais em relação à avaliação de outubro.
Para o FMI, o Brasil irá cresce apenas 0,3% em 2015. Antes, o órgão projetava uma expansão de 1,4%.
A consultoria também adverte para uma queda “contundente” dos preços das moedas latino-americanas em comparação com os exercícios anteriores, relacionada com o fortalecimento global do dólar e a sequência da crise do petróleo.
Afirmou que será preciso uma intervenção cada vez mais constante dos governos locais para “tentar suavizar a volatilidade” das cotações.
“A maioria dos Bancos Centrais e as autoridades monetárias mantiveram suas políticas (a exceção do Brasil e Peru) esperando a queda nos preços do petróleo”, explicou o relatório, apontando o peso argentino como moeda que mais se desvalorizou em 2004: 29,8%.
A consultoria acrescentou também que a redução das cotações de produtos básicos, como o cobre, os grãos e o minério de ferro, que representam parte das exportações dos países da região, se transformará em um desafio adicional para muitas da economias do país. EFE
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