Brasil e Chile defendem gestão da Unasul perante desconfiança de María Corina
Brasília, 3 abr (EFE).- Os governos do Brasil e do Chile defenderam nesta quinta-feira a posição da Unasul de promover um diálogo político na Venezuela, apesar da desconfiança em relação ao organismo regional manifestada ontem pela dirigente opositora María Corina Machado.
Após um breve encontro hoje em Brasília, o ministro das Relações Exteriores Luiz Alberto Figueiredo e o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, descartaram a posição de Corina ao afirmarem que a gestão da União de Nações Sul-americanas (Unasul) na Venezuela gerou “confiança” no bloco e que apenas tenta criar um diálogo em nome da conciliação.
“Trata-se de ajudar a criar as condições políticas necessárias para que os venezuelanos resolvam seus problemas pendentes”, declarou Figueiredo em entrevista coletiva junto a Muñoz.
O ministro disse que, durante a visita que os chanceleres da Unasul realizaram a Caracas na última semana, “conversou com muitas forças políticas, com os estudantes e representantes de outros setores” e que todos avaliaram a gestão desse organismo de forma positiva.
Muñoz e Figueiredo reiteraram, além disso, que a intenção da Unasul “não é interferir” nos assuntos internos da Venezuela, mas apenas “ajudar” a gerar as condições necessárias para um diálogo entre os próprios venezuelanos.
Muñoz indicou que Unasul só pretende contribuir para que a Venezuela “encontre o caminho da paz” e “evite o da violência, das mortes e da polarização”.
“São os venezuelanos que devem encontrar a solução, mas a Unasul não pode ficar apenas olhando quando um país membro mergulha em uma crise dessa natureza”, declarou o ministro chileno.
Ontem, a dirigente opositora María Corina foi recebida por uma comissão do Senado, perante a qual manifestou suas dúvidas em relação à gestão articulada pela Unasul, um organismo que, segundo ela, “não é confiável” para a oposição.
Corina, que acaba de perder o cargo de deputada mediante uma polêmica decisão da Assembleia Nacional, assegurou que há “presidentes e chanceleres” dos países da Unasul que fizeram declarações de apoio ao governo de Nicolás Maduro durante a onda de protestos na Venezuela, iniciada há mais de dois meses.
“A Unasul já tem precedentes”, acrescentou a líder opositora, que também recordou outros fatos. Segundo ela, quando a oposição denunciou uma suposta fraude nas eleições vencidas por Maduro há quase um ano, o organismo se comprometeu com uma nova apuração dos votos que “nunca” foi feita.
“O povo da Venezuela tem sérias dúvidas sobre a imparcialidade da Unasul”, indicou Corina, que condicionou a existência do diálogo à libertação de “todos os presos políticos” e ao “cessar da repressão”, além de justiça aos culpados de “torturas” e “assassinatos” de opositores.
A Unasul, segundo informou o ministro das Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño, enviará uma nova missão de chanceleres a Caracas na próxima semana.
Figueiredo e Muñoz explicaram que os chanceleres dessa nova missão ainda não foram definidos e, por isso, a data da viagem ainda não foi definida, embora tenham confirmado a existência da mesma. EFE
ed/fk
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