Brasil está cansado de medidas precipitadas, diz Meirelles

  • Por Estadão Conteúdo
  • 05/12/2016 13h58
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EFE/Fernando Bizerra Jr. Fotos Henrique Meirelles - ministro da Fazenda - EFE

O Brasil já está cansado de medidas precipitadas, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante rápida entrevista que concedeu a jornalistas após ter participado do 12º Congresso Brasileiro da Construção (Constru Business), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele fez tal afirmação no contexto da sua explicação de que medidas estão sendo tomadas, anúncios serão feitos e que a economia crescerá no próximo ano, mas numa velocidade menor da que as pessoas gostariam.

Para Meirelles, as medidas que estão sendo tomadas pelo governo Temer, como a aprovação da PEC 241 e a reforma da Previdência, que será anunciada ainda nesta segunda-feira pelo presidente Michel Temer, são medidas que surtirão efeitos no longo prazo. 

Antes, durante a palestra que proferiu no evento, Meirelles criticou as medidas econômicas do governo anterior que previam o crescimento acelerado e que levou ao aumento da dívida pública. “O Brasil está cansado de medidas precipitadas”, disse. 

Previdência

Durante o evento, o ministro da Fazenda afirmou que é preciso aprovar a reforma da Previdência para garantir que todos recebam suas aposentadorias. Questionado pelos jornalistas sobre a proposta de reforma da Previdência que o governo deve enviar para o Congresso nos próximos dias, ele não quis antecipar detalhes do projeto.

Meirelles mostrou que as despesas do governo cresceram de forma acelerada nos últimos anos e que boa parte disso veio do avanço nos gastos com Previdência, assistência social e transferência de renda. “É necessário reformar a Previdência, reduzir a rigidez do orçamento, desvincular e desindexar o gasto público”, afirmou.

Ele disse que as atuais regras da Previdência foram feitas “há décadas” e que o Brasil mudou muito, com expansão da expectativa de vida. “Eu tenho recebido alguns e-mails interessantes. Um cidadão me mandou um e-mail outro dia dizendo que começou a trabalhar com 18 anos e tinha expectativa de se aposentar com 53, para aproveitar melhor a vida. É um direito legítimo, mas quem vai pagar? Todos os contribuintes”, contou. Segundo ele, o atual sistema é insustentável e injusto, porque privilegia pequenos grupos, sobrecarregando toda população.

Meirelles lembrou que o descontrole na Previdência pode quebrar um governo e citou o caso do Rio de Janeiro. “Tem outros Estados com problema. Sem reforma, todos quebram. Vamos reformar, isso vai acontecer. Mas as pessoas têm de mudar o enfoque. Em vez de pensar que querem se aposentar cedo, têm de pensar em se aposentar na data certa e com a certeza de que vão receber seu benefício. Isso sim é um direito”.

O ministro disse que o governo está dando “passos gigantescos” no ajuste fiscal, com a expectativa de aprovação pelo Senado, em segundo turno, da PEC do Teto, já na próxima semana. O primeiro turno teve aprovação com ampla maioria, ressaltou.

Meirelles disse ainda que o governo estuda outras medidas para estimular a economia, ressaltando que o controle da despesa pública é essencial para a retomada do crescimento, mas não suficiente. “Estamos trabalhando, discutindo questões na área trabalhista, o programa de investimento em infraestrutura é fundamental. São questões complementares, mas em primeiro lugar está o controle do crescimento da dívida pública”.

Ele ressaltou que a principal razão para a atual crise é justamente a desconfiança em relação às contas públicas, que gerou queda dos investimentos e do consumo. “Temos de reverter o ciclo vicioso da economia pela redução do avanço da dívida.” Segundo o ministro, isso será possível com a PEC do Teto e a reforma da Previdência.

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