Brasil trabalhará para que Mercosul “não seja um peso”, diz ministra

  • Por Agencia EFE
  • 22/01/2015 15h09

Brasília, 22 jan (EFE).- A ministra de Agricultura, Katia Abreu, afirmou nesta quinta-feira que o governo de Dilma Rousseff trabalhará para preservar os avanços alcançados no Mercosul, mas também para que o bloco “não seja um peso” na hora de negociar novos acordos comerciais.

Abreu, no cargo desde 1º de janeiro, explicou em entrevista a correspondentes estrangeiros que uma das metas do governo é ampliar os horizontes comerciais para os produtos agrícolas e fortalecer sua presença em mercados tradicionais.

A ministra, ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que agrupa os grandes empresários do setor, disse que mantém a posição crítica da patronal em relação às normas do Mercosul que impedem que seus membros negociem acordos comerciais individualmente.

Embora tenha avaliado que houve avanços pelo bloco, formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, ela reafirmou que o Mercosul deve garantir mais “liberdade aos seus parceiros para não se transformar em um peso”.

Também ressaltou que a cooperação com os países vizinhos deve aumentar para superar “dificuldades” em assuntos tarifários, assim como melhorar a vigilância sanitária conjunta, para que a América do Sul se transforme em “uma zona livre da febre aftosa”.

Abreu antecipou que seu escritório traçou o objetivo de aumentar as exportações agrícolas para Estados Unidos, União Europeia, Rússia e China, que já estão entre os grandes mercados do Brasil, mas também ampliar sua presença na Ásia e na África.

Nesse sentido, citou como exemplo que o Japão pode ser um grande mercado para frutas brasileiras, e que existem possibilidades de aumentar as exportações de carne de porco para a Coreia do Sul e de carne bovina para a Nigéria.

No plano interno, manifestou sua confiança de que os cortes orçamentários para equilibrar as contas públicas, que fecharam 2014 no vermelho, não afetarão sua pasta.

“O que se pretende é cortar despesas e a agricultura não é despesa, mas é um dos melhores investimentos”, sustentou Abreu.

A ministra considerou como um primeiro “impulso” para o setor agrícola o aumento dos impostos aplicados à gasolina anunciado esta semana, pois favorecerá a indústria açucareira dedicada à produção de etanol e biocombustíveis.

Também disse, embora sem dar porcentagens, que o governo aumentará em fevereiro a proporção de álcool na gasolina, que é atualmente de 25%.

A ministra, cuja nomeação foi criticada por movimentos sem-terra e indígenas, que a consideram representante dos interesses dos empresários agrícolas, disse que não vai “cair em polêmicas” e esclareceu que sua gestão olhará para os pequenos produtores, com o objetivo de criar uma “nova classe média rural”.

Nesse marco, assinalou que seu escritório ampliará os créditos e a assistência técnica aos pequenos produtores, assim como traçará um plano para a melhor distribuição de seus produtos, o que promoverá no campo um processo de ascensão social semelhante ao experimentado nos setores urbanos do país na última década. EFE

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