10 anos do mensalão: relembre o maior escândalo da República – até então
Há exatamente dez anos os brasileiros começaram a tomar conhecimento do que, na época, seria o maior escândalo de corrupção da República.
Um vídeo divulgado pela revista Veja, em 14 de maio de 2005, mostrava um funcionário dos Correios recebendo propina: era o início do mensalão. Um mês depois o deputado Roberto Jefferson detonava a crise que arrastou partidos para o buraco e chegou ao PT do então presidente Lula.
Com sonoplastia de Reginaldo Lopes, a Jovem Pan resgata dez anos de história na reportagem de Thiago Uberreich. Ouça a reportagem completa acima.
As palavras escândalo e corrupção nunca estiveram tão presentes na vida da República como nos últimos 10 anos.
Em 14 de maio de 2005, a divulgação de um vídeo com o então funcionário dos Correios Maurício Marinho recebendo propina abriria uma crise. O funcionário explicava que o esquema montado nos Correios para desviar dinheiro de contratos com empresas tinha o dedo do PTB de Roberto Jefferson.
Em junho de 2005, o deputado federal e presidente do PTB resolveu abrir o jogo e deu uma entrevista bombástica ao jornal Folha de São Paulo. Jefferson atirou um barril de pólvora no Congresso Nacional – citava o PP e o PL, atual PR.
Chamado ao conselho de ética, o deputado seguia na artilharia e cutucava o então ministro da Casa Civil, o todo poderoso José Dirceu. O tesoureito do PT na época, Delúbio Sorares, também estava implicado e usava e abusava da arte de negar.
O ministro Dirceu não restistiu: deixou o governo para retornar à Câmara dos deputados. Ainda em 2005, ZéDirceu teve o mandato cassado.
A CPI dos Correios foi aberta no Congresso- a imagem de Roberto Jefferson com olho inchado estampou as manchetes dos jornais.
O publicitário Marcos Valério outra figura carimbada do mensalão, negava irregularidades no financiamento de campanhas políticas.
No Congresso Nacional, políticos renuncivam para preservar os mandatos: Waldemar Costa Neto do PL partia para o embate com Roberto Jefferson. (Ouça todos os detalhes no áudio da reportagem)
Roberto Jefferson era antes de tudo um ator e aproveitou o depoimento de José Dirceu ao Conselho de Ética para abusar da retórica e da verborragia. No dia-dia da CPI, foi a vez do secretário geral do PT – Sílvio Perreira – falar aos parlamentares.
A crise se agravava – um assessor do irmão do então presidente do PT – José Genoino – foi preso no aeroporto de Congonhas com dólares na cueca. Mais uma baixa no partido.
Com o PT de José Genoino se esfacelando, em pronunciamento a nação, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez mea culpa.
O julgamento
Em 2007, o mensalão ganhou um novo capítulo com a abertura de processo no Supremo Tribunal Federal: 38 viraram réus de 40 denunciados. Nunca a população brasileira acompanhou com olhares tão atentos o trabalho do STF, presidido por Joaquim Barbosa, ministro relator.
O ministro revisor Ricardo Levandovski justificava a demora de seis meses para abertura do processo do mensalão. Os embates no plenário do Supremo viraram rotina.
Depois de cinco anos, Joaquim Barbosa proclamou o resultado.
No jurisdiquês e no dicionário do mensalão ainda faltavam dois termos – embargos infringentes e embargos de declaração. Mais motivos para troca de farpas.
O julgamento no STF mudou paradigmas e levou bandidos do colarinho branco para cadeira: 24 condenados e 13 absolvidos.
Mas os escândalos se sucedem: a corrupção na Petrobras deixa os brasileiros indignados e mostra que os políticos não aprendem.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.