66ª fase da Lava Jato apura lavagem de dinheiro no Banco do Brasil

Três gerentes e um ex-gerente do banco estatal estão entre os investigados. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio Grande do Norte

  • Por Jovem Pan
  • 27/09/2019 07h31 - Atualizado em 27/09/2019 14h31
Divulgação/Banco do Brasil Coelho deve ficar à frente da Previ até o dia 14 de junho Instituição financeira fornecia dinheiro em espécie para pagamento de propina

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (27), a 66ª fase da Operação Lava Jato, que apura lavagem de dinheiro de doleiros e funcionários de uma instituição financeira. Batizada de “Alerta Mínimo”, a investigação cumpre sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e um em Natal, no Rio Grande do Norte.

A instituição financeira alvo da operação é o Banco do Brasil (BB). A PF informou que os suspeitos teriam atuado em benefício de empresas que contratantes da Petrobras e que precisavam de dinheiro em espécie para pagar vantagens indevidas. Cerca de R$ 110 milhões em notas teriam sido destinados ao pagamento de propinas. Três gerentes e um ex-gerente do Banco do Brasil estão entre os investigados.

“Diversos elementos angariados durante a operação Lava Jato indicam que gerentes vinculados a três agências do Banco do Brasil, localizadas em São Paulo, receberam vantagens indevidas para burlar os mecanismos de prevenção de lavagem de dinheiro da instituição”, diz o MPF. De acordo com o procurador Roberson Pozzobon, os gerentes investigados, quando questionados pelos seus superiores sobre os valores das transações ilícitas, chegaram a defender a normalidade dessas operações.

O MPF afirma que o montante ilegal movimentado pelos investigados, por meio de transferências bancárias “a partir de contas mantidas pela organização criminosa, superou a quantia de R$ 200 milhões”.

Segundo os procuradores, grande parte desse valor foi transformada em dinheiro vivo para utilização pelas empreiteiras no pagamento de propinas em contratos com a Petrobras.

“Um dos doleiros investigados chegou a movimentar R$ 150 milhões”, disse Pozzobon, durante coletiva de imprensa para detalhar a operação desta manhã, em Curitiba.

O MPF também afirmou que a conduta indevida dos gerentes possibilitou que contas em nome de empresas de fachada controladas por organizações criminosas fossem abertas e operassem na instituição financeira por longo período “realizando centenas de operações de lavagem de dinheiro, inclusive depósitos e saques de valores expressivos em espécie”.

Os procuradores informaram que as evidências indicaram que os gerentes investigados atuaram para “encerrar indevidamente registros do sistema de detecção de lavagem de dinheiro do Banco do Brasil, mediante a inserção de justificativas que sabiam ser falsas, o que impediu ou dificultou a comunicação de operações suspeitas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)”.

Os investigadores da operação disseram ainda que foi dado conhecimento ao Banco do Brasil da existência do esquema criminoso envolvendo os funcionários da instituição. Segundo Pozzobon, o banco então, sob intimação judicial, realizou apurações sigilosas internas cujos resultados foram remetidos aos investigadores da Lava Jato, inclusive com “outras provas da atuação de seus funcionários para facilitar operações de lavagem de capitais”.

*Com informações da Agência Brasil

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