‘A vida na Amazônia nunca esteve tão ameaçada’, diz cardeal brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 07/10/2019 12h42
EFE Papa Francisco e Cláudio Hummes participam do Sínodo

O cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo dos Bispos Sobre a Amazônia, abriu o evento, nesta segunda-feira (7), afirmando que a floresta passa, atualmente, por uma de suas piores fases. Ele mencionou a Amazônia 29 vezes ao longo de sua fala e lembrou que o Papa Francisco constantemente pede uma Igreja que vá ao encontro das questões urgentes.

“A vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje”, declarou. O cardeal destacou que a floresta corre riscos “pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica, de modo especial a violação dos direitos dos povos indígenas, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios”.

Hummes ressaltou a missão da Igreja na Amazônia. “Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazônia – atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da ‘casa comum’, aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural, acolhedora e desejosa de compartilhar um caminho sinodal com as outras Igrejas, religiões, ciência, governos, instituições, povos, comunidades e pessoas, respeitando as nossas diferenças, no intuito de defender e promover a vida das populações da área, especialmente dos povos originários e a biodiversidade do território na região amazônica”, disse.

Ele também enfatizou que o Sínodo ocorre em meio a um momento em que o mundo enfrenta um problemático período de aquecimento global. “O Sínodo se realiza num contexto de uma grave e urgente crise climática e ecológica que atinge todo o nosso planeta. O aquecimento global pelo efeito estufa gerou uma crise climática sem precedentes, grave e urgente, como mostrou a Laudato si [encíclica do Papa Francisco] e a COP-21 de Paris, na qual foi assinado por praticamente todos os países do mundo o Acordo Climático até hoje pouco implementado, apesar da urgência.”

“Ao mesmo tempo, ocorre no planeta uma devastação, depredação e degradação galopante dos recursos da terra, promovidas por um paradigma tecnocrático globalizado, predatório e devastador, denunciado pela Laudato si’. A Terra não aguenta mais”, finalizou.

*Com Estadão Conteúdo

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