“Abelha-rainha será atingida”, diz presidente da CPI do Carf, que pedirá convocação de Lula

  • Por Jovem Pan
  • 27/10/2015 12h43
Montagem/ Agência Brasil e EFE Senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e ex-presidente Lula

O presidente da CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que investiga fraudes e corrupção no órgão federal, disse nesta terça (27) que vai apresentar requerimentos de convocação do ex-presidente Lula, dois de seus filhos, Luís Cláudio (cuja empresa foi vasculhada pela PF) e Fábio Luís, e dos ex-ministros de Dilma, Gilberto Carvalho (Secretaria-geral, 2011 a 2014) e Erenice Guerra (Casa Civil, 2010).

As investigações incidem sobre três medidas provisórias – MP 471 (2009), MP 512 (2010) e MP 627 (2013), decretos-lei assinados pela Presidência da República, que teriam sido compradas por meio de lobby e corrupção, para favorecer empresas da indústria automobilística.

Além disso, a PF investiga manipulações nos julgamentos do Carf sobre multas aplicadas e incentivos fiscais a favor das empresas de carros. Até R$ 19 bilhões da Receita teriam sido fraudados, segundo a PF. “Chego a dizer que a corrupção dentro desse contencioso é três vezes a Lava Jato”, contabiliza o presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), em entrevista exclusiva à Jovem Pan.

Ele avalia que “não é uma batalha fácil” convocar Lula e seus filhos para depor em Brasília. “O plenário (da CPI, que aprova ou não a convocação) é soberano e a oposição é minoritária”, reconhece. “A proteção à abelha-rainha é enorme”, ilustra Ataídes, comparando o ex-presidente à líder da colmeia. O senador tucano chama Lula de “pai de tudo” e lhe atribui o “desastre econômico” e a “roubalheira”, que, segundo ele, “passam obrigatoriamente pela mão do ex-presidente Lula”.

“Se a gente não conseguir chegar via legislativo, via Judiciário, eu tenho certeza que essa abelha-rainha será atingida a qualquer momento, será procurada a qualquer momento para prestar esclarecimentos tão necessários à população brasileira”, discursa Ataídes, referindo-se aos trabalhos do Ministério Público e da Polícia Federal na Operação Zelotes.

O senador entende também que a suposta compra de medidas provisórias “envolve o Executivo, mas também o Legislativo”. “Vamos ter que jogar todas as luzes em cima dessas MPs”.

Zelotes

A empresa de marketing esportivo LFT, de Luís Claudio Lula da Silva, filho mais novo do ex-presidente, foi alvo de busca e aprensão da Polícia Federal nesta segunda (26) após o Ministério Público considerar “muito suspeito” pagamento recebido da Marcondes & Mautoni Diplomacia Corporativa, “empresa especializada em manter contatos com a administração pública”, segundo a juíza que autorizou o mandado.

Nessa nova fase da Operação Zelotes, foram presos preventivamente o ex-conselheiro do Carf, José Ricardo da Silva, e o lobista Alexandre Paes dos Santos. O senador Ataídes Oliveira vê a dupla como o “núcleo nervoso” da corrupção do órgão do Ministério da Fazenda.

Foram presos também na segunda o sócio de Ricardo da Silva, Eduardo Valadão, além dos dois sócios de escritórios suspeitos de captar clientes para o esquema, Cristina Mautoni e Mauro Marcondes, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea).

O senador entrevistado quer investigar as relações dos membros políticos que quer convocar com os presos. “Gilberto Carvalho teve muitas reuniões com esse núcleo”, diz o senador.

Oliveira afirma também que Fábio Luís, “o irmão mais velho (de Luís Cláudio) também é citado na Operação Zelotes”. “O Lulinha tem participação, ao nosso entendimento, de alguma coisa dessas medidas provisórias e dessa portaria”, conjectura o presidente da CPI. “Eu não vou desistir de querer ouvi-los”, afirmou, referindo-se aos membros da família de Lula e o próprio petista.

“Eu vou apresentar esses requerimentos na semana seguinte”, diz. “Se for negada mais uma vez (a convocação), paciência”.

(Foto do texto: prédio da sede da LFT Marketing Esportivo – Marcelo Mattos/ Jovem Pan)

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