Acordo da dívida provoca ‘racha’ entre estados

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/06/2016 12h20
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Agência Brasil Estados bandeiras

O acordo fechado entre União e estados está longe de ter resolvido o impasse com os governadores sobre o pagamento das dívidas com o Planalto. Em situação difícil, o Distrito Federal e outras sete unidades federativas que já tinham quitado suas pendências ou mantêm endividamento muito pequeno, vão pedir ao Ministério da Fazenda um “auxílio especial” para conseguir fechar as contas neste ano ao alegar que acabaram sendo prejudicados por serem “bons pagadores”. 

Até mesmo os governadores do Nordeste, que ainda têm dívidas e foram beneficiados com a carência do pagamento até o fim de 2016, se juntaram ao grupo para conseguir mais esse auxílio. Os estados calculam a contrapartida com base nas perdas que tiveram nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Estimativas obtidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apontam que, somente no Nordeste, perderam-se R$ 4,2 bilhões com a queda nos repasses entre janeiro de 2015 e maio deste ano. Esses números serão enviados ao Ministério da Fazenda. 

Segundo o secretário de Tributação do Rio Grande do Norte, André Horta, esses entes federativos querem que o auxílio seja incorporado no projeto de lei complementar que estabelece o plano de socorro aos membros da Fedração.

Entre outros pontos, o texto prevê um alongamento de 20 anos da dívida dos governos regionais com a União. Cada administração ficou responsável em realizar os cálculos para mostrar ao governo. Segundo as gestões, porém, o auxílio deve corresponder ao valor de um repasse mensal do FPE. As verbas, dizem, sairiam do Orçamento Geral da União (OGU).

Revoltados

“Fiz o meu dever de casa, liquidei o endividamento e não vou ganhar nada por esse comportamento”, atacou Mauro Benevides Filho, secretário de Fazenda do Ceará, um dos mais revoltados.

Segundo ele, o governo cearense deve R$ 2 bilhões em duas linhas de financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas essas dívidas não entraram em negociação. Uma delas foi para obras da Copa do Mundo, “quando é para ajudar o Rio para ter R$ 3 bilhões, além da negociação por causa de um evento internacional, aí sai. O tratamento é desigual”, bradou. 

O presidente em exercício Michel Temer já indicou que vai acrescentar esses financiamentos concedidos pelo BNDES para a Copa no pacote de renegociação das dívidas.

Os estados também querem acrescentar os passivos com a Cohab na lista das dívidas a serem discutidas. Em 2016, além dos juros, eles precisaram começar a amortizar as prestações. O governo de Fortaleza, por exemplo, amortizou R$ 640 milhões. 

O primeiro governador a expor mais claramente as críticas ao acordo foi Paulo Hartung, do Espírito Santo. Ele é filiado ao PMDB, mesmo partido do presidente da República. Hartung cedeu recentemente sua secretária de Fazenda, Ana Paula Vescovi, para comandar o Tesouro Nacional no governo de Temer.

Do outro lado do balcão, foi Ana Paula quem liderou as negociações. Menos de um dia depois do anúncio, ele reclamou que os trâmites não foram vantajosos para Vitória pelo endividamento pequeno, “quem se esforça e quem rala acaba não sendo beneficiado. É até prejudicado”, reclama.

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