Aécio e Dilma começam segundo bloco do debate
O segundo bloco do debate promovido pela Jovem Pan, Uol e SBT começa com pergunta da candidata Dilma Rousseff. Confira abaixo como foi o embate entre o tucano e a petista.
Dilma Rousseff pergunta – Candidato, há pouco saiu no UOL, que hoje nos recepciona nesse debate, o seguinte: que o ex-diretor da Petrobras afirmou ao Ministério Público Federal que o presidente do PSDB, ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu propina para esvaziar uma CPI da Petrobras. Veja o senhor que é muito fácil o senhor ficar fazendo denúncias. Por isso é que eu digo que o que importa, candidato, quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI, o que importa, candidato? Importa investigar. Importa de saber, lamento que ele esteja morto, mas importa saber como recebeu, quando recebeu, e para quem distribuiu. Por isso que a gente tem de investigar, doa a quem doer, candidato.
Aécio Neves responde – Candidata, aí já vai uma outra diferença profunda entre nós dois. Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, há algo positivo aqui. A senhora pela primeira vez dá credibilidade às denúncias do senhor Paulo Roberto. É esse que disse que 2%, 2% de todas as obras sob sua responsabilidade iam para o seu partido, candidata, iam para o tesoureiro do seu partido. E o que a senhora fez durante esse período? Nada. A senhora tomou alguma providência, pediu o afastamento do tesoureiro do seu partido, candidata? Não. As denúncias que surgem aí são denúncias construídas a partir daquilo que a Polícia Federal chama de uma organização criminosa atuando no seio da nossa maior empresa. Foram doze anos, candidata. Doze anos que os cofres da Petrobras foram assaltados. E esse dinheiro distribuído. Temos sim que ir a fundo, saber quem são os beneficiários, agora, se a senhora não tem receio e diz aqui que quer apuração, que quer que as investigações possam ir a fundo, por que o seu partido essa semana impediu que o senhor Vaccari fosse à CPI depor? Nós convocamos, e o seu partido, o PT e alguns aliados impediram que ele fosse lá explicar o que foi feito com esse recurso, e vou lhe dizer mais, candidata, ele ainda é o tesoureiro do seu partido e é responsável por transferir recursos para a sua campanha. Terá sido por isso que ele não foi afastado? Porque pelo menos quatro milhões de reais foram transferidos, com a assinatura do senhor Vaccari nessa campanha eleitoral para sua conta de campanha. De onde veio esse recurso, candidata? Vamos investigar logo. Eu acho que os brasileiros que estão nos ouvindo devem saber antes das eleições, inclusive quem são os responsáveis por transferir o dinheiro e quem recebeu esse dinheiro. Independente de partido político, tem que ser punido, candidata.
Réplica de Dilma Rousseff – Candidato, o senhor tem dois pesos e duas medidas. Eu, pode ter certeza, candidato, sem nenhum constrangimento, investigarei tudo e todos. Eu nunca engavetei, candidato, eu não jogo para baixo do tapete. Agora, fica claro, candidato, uma coisa, o senhor gosta muito de culpar todos. Agora, quando chega no ex-presidente do seu partido, o senhor sai e diz que tem de investigar o PT. Não senhor, nós temos de investigar, doa a quem doer, todos. Nós temos de investigar todos os envolvidos, candidato. Não é desta forma que este país vai modificar sua relação com os delitos e os crimes. É investigando todos, candidato, implacavelmente, e não como vocês faziam. Quando um delegado chegava perto de uma investigação, ele era despachado para outra cidade. Quando o engavetador via um processo complicado, ele engavetava.
Tréplica de Aécio Neves – Lamento que a candidata não tenha entendido nada do que eu disse, investiguem-se todos, candidata. Agora, o seu discurso não tem conexão com a sua prática. O seu governo impediu o quanto pôde que a CPI da Petrobras e depois a CPMI fossem instaladas, e depois de investigadas, porque eu fui ao lado de vários Senadores para garantir o seu funcionamento, vocês tentaram fraudar a CPMI, funcionários do seu governo, do Palácio do Planalto, foram lá dar o gabarito, as respostas, as perguntas que sua base faria a essas pessoas. Tem que investigar sim todos, mas permita, candidata, que isso seja investigado. A senhora volta sempre no passado. Aonde é que estavam nesses doze anos essas denúncias? Por que vocês não tomaram, vou repetir mais uma vez, as atitudes necessárias para reabrir todos esses processos, candidata? De duas uma, ou não existia nada relevante em relação a essas denúncias ou então o seu governo prevaricou, não tem uma terceira alternativa.
Aécio Neves pergunta – Candidata, vamos tentar novamente falar de futuro em homenagem e respeito ao telespectador que nos acompanha a essa hora. Eu recebi, provavelmente a senhora também tenha recebido, um documento da UNICEF, que mostra um dado absolutamente alarmante. Para mim, confesso que do ponto de vista pessoal, chocante, 24 jovens adolescentes morrem por dia no Brasil. Hoje, nessa quinta-feira, em que nós estamos aqui, 24 mães vão estar chorando o assassinato dos seus filhos. Apenas um país no mundo mata mais por assassinato do que o Brasil. Infelizmente alguns dos programas iniciados pelo seu governo, como, por exemplo, o “Crack, é possível vencer”, depois de quatro anos, nem 40% das metas foram alcançadas. De que forma, candidata, a senhora pretende ser mais solidária, permitir que o governo federal apoie nos estados e municípios no enfrentamento da criminalidade? Vamos elevar o nível do debate, candidata.
Dilma Rousseff responde – Antes de elevar completamente o nível do debate, já que você o abaixou, candidato, não é possível que você se esconda atrás do fato de que investigar, candidato, significa também investigar o seu partido. O senhor não pode apontar o dedo só para um partido, aponte para todos os partidos, candidato. Vocês nunca deixaram investigar. Minas engavetava, na sua época, todos os processos. Vocês não deixavam nada ser investigado. Candidato, no que se refere a todos os processos de morte de jovens, nós temos tido um empenho imenso. E este empenho, candidato, é maior que foi o empenho do senhor no seu governo. Nós fizemos toda uma política de combate, toda uma política de combate à violência contra os jovens. Uma política que estava baseada em três aspectos. Primeiro, é necessário prevenir. Depois, candidato, é necessário garantir que os jovens e que todos eles que tenham e que sofram esse assédio, eles tenham defesa, e finalmente, candidato, é fundamental que o governo coloque na pauta toda uma questão relativa ao combate à violência, às drogas, e que faça com que os jovens não sejam objeto, e não sejam objeto fácil do tóxico, da violência, e das formas pelas quais o crime se infiltra. Assim sendo, candidato, eu queria te dizer uma coisa, o único governo que fez uma política nacional de combate a violência contra os jovens foi o meu, nos últimos anos.
Réplica de Aécio Neves – Então fracassou, candidata, porque 56 mil pessoas estão morrendo assassinadas a cada ano no Brasil. Infelizmente, candidata, o orçamento, sequer o orçamento que já não é grande coisa do Ministério da Justiça, do Fundo Nacional de Segurança, e do Fundo Penitenciário, não foram executados nem na sua metade. Do Fundo Penitenciário, um pouco mais de 20% agora. Do Fundo Nacional de Segurança, cerca de 40%. Aonde é que estão as políticas de controle das nossas fronteiras, candidata? A Polícia Federal tem o menor orçamento de investimento dos últimos cinco anos. A Polícia Rodoviária Federal que nós temos que fortalecer também está sucateada. As Forças Armadas não têm tido atenção do seu governo. A senhora prometeu há quatro anos atrás quatro veículos aéreos não tripulados, apenas dois foram colocados em funcionamento, candidata. Infelizmente o contingenciamento dos recursos da área de Segurança Pública têm impedido vários estados de avançar no combate à criminalidade e na defesa dos nossos jovens, é a realidade.
Tréplica de Dilma Rousseff – O senhor está mal informado, candidato. O governo federal gastou 17 bilhões e 700 milhões em Segurança nos últimos quatro anos. E não foi, candidato, só do Ministério da Justiça, foi uma operação conjunta. As Forças Armadas participaram ativamente, impedindo e garantindo um nível de repressão nas nossas fronteiras impressionante. Nós fizemos operações sentinela e operações das Forças Armadas conjugadas com a Polícia Federal. Com a Polícia Rodoviária Federal, nós fizemos uma campanha “Crack, é possível vencer”. Que garantia e dava suporte para as famílias na direção de impedir o uso do crack. Ora, candidato, a questão da Segurança Pública é afeta aos governos dos estados. Nós participamos de forma complementar. Eu vou mudar isso. Eu quero que o governo participe.
Dilma Rousseff pergunta – Vou continuar com essa questão de segurança. Considero, candidato, que é muito importante que o governo federal deixe de ser complementar e passe a ser estratégico na questão da Segurança Pública. Nós tivemos uma ótima experiência durante a Copa com os doze estados. Construindo organizações e coordenações de combate conjunto à violência, tanto é que conseguimos durante a Copa, e depois da Copa estamos fazendo operações articuladas, uma associação efetiva entre as forças das Polícias Militares, o Exército, e também as outras Forças Armadas, a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Modificamos a prática sistemática, que era de estar ausente. O Governo Federal ausente do confronto e do combate. Hoje, candidato, eu acredito que só com essas polícias articuladas nós venceremos o crime.
Aécio Neves responde – Candidata, o que me surpreende na senhora é o diagnóstico. Agora há pouco a senhora disse que a inflação não é um problema do governo, é problema sazonal, e eu acho que não é, por isso, comigo, tolerância zero com a inflação. Agora, a senhora terceiriza de novo as responsabilidades dizendo que é dos estados essa responsabilidade constitucional. Meu amigo, minha amiga que nos ouve nesse instante, se for eleito Presidente da República e assumo aqui esse compromisso, eu vou liderar pessoalmente uma política nacional de segurança, que começa com a proibição do contingenciamento dos recursos. Eu tenho um projeto, candidata, que tramita desde 2011 no Congresso Nacional, que seu partido infelizmente não permitiu que fosse aprovado, que garante que aquilo que é aprovado no orçamento para a Segurança Pública seja efetivamente gasto em parcerias com os estados, transferidos mensalmente. Essa é uma das propostas. Eu propus sim uma revisão no nosso Código Penal, no nosso Código de Processo Penal para que essa sensação de impunidade não continue a prevalecer no país. Eu apresentei uma proposta na minha campanha, a senhora provavelmente dela tomou conhecimento, de que nós precisamos ter uma relação diferente com os países vizinhos que produzem a droga que vem ser consumida no Brasil e matar os jovens no Brasil. Governos vizinhos fazem vista grossa para a produção de drogas ou de matéria primas de drogas nos seus territórios e não há nenhuma ação do nosso governo. Se a senhora está satisfeita como parece estar com o controle das nossas fronteiras, eu não estou, eu serei o condutor da política nacional de Segurança Pública, porque infelizmente hoje, candidata, não sei se a senhora sabe, esse número, 87% de tudo o que se gasta em Segurança Pública vem dos estados e municípios. Apenas 13% da União, e a União é quem mais tem. É a União que se apropria da maior parte das receitas dos tributos dos brasileiros. E o que pode ser hoje mais relevante, mais urgente do que cuidar do tráfico de drogas e proteger os nossos jovens?
Réplica de Dilma Rousseff – Candidato, eu acho que o senhor está usando números incorretos. O que acontece, candidato? A Constituição atribuiu aos estados o controle e a segurança interna do país. Eu quero mudar isso, eu acho que a União tem de participar. E nós mostramos durante a Copa que quando a União participa, articuladamente com os estados, e quero dizer os doze estados no qual nós tínhamos centros de comando e controle, nós conseguimos conter todas as formas de violência. Eu acredito, candidato, que tem hoje, talvez o senhor não saiba, porque o senhor está um pouco afastado disso, tem hoje, candidato, uma experiência comum dos doze estados da Federação para além das divergências políticas no sentido de fato de construir no Brasil um aparato de combate ao crime organizado, de combate às drogas, e de combate à violência. Isso passa necessariamente por essa relação integrada, candidato, entre as Forças Armadas e as Polícias. O senhor também, candidato.
Tréplica de Aécio Neves – Candidata, o que me parece e talvez pode parecer ao telespectador é que nós temos aqui dois candidatos de oposição. Porque a senhora se dispõe a fazer tudo o que não fez ao longo de quatro anos em que a senhora foi presidente e os outros oito anos em que teve um papel de destaque no governo do seu antecessor. Eu defendo no Congresso Nacional e o seu partido faz oposição, candidata, a essa proposta razoável do impacto no orçamento, apenas de garantia da transferência desses recursos para os estados e para os municípios. A senhora falou do programa “Crack, é possível vencer”. Por que, candidata, que depois de quatro anos apenas 40% do programa foi executado? O seu governo não assumiu a responsabilidade no enfrentamento dessa questão. O seu ministro falava das nossas prisões, comparando-as à masmorras medievais, candidata, assuma a responsabilidade do governo que não investiu em Segurança Pública.
Pergunta de Aécio Neves – Candidata, nos últimos debates, a senhora tem falado muito das obras em mobilidade. E vou falar mais uma vez ao telespectador, ao ouvinte, que as rádios também transmitem, a Jovem Pan também transmite esse nosso debate, muito certamente preso no trânsito das nossas grandes cidades, e a senhora fala números mirabolantes, extremamente impressionantes quando diz respeito a obras de mobilidade. A questão é que eu tenho viajado pelo Brasil, como a senhora tem viajado pelo Brasil. E eu fico me perguntando quando vou à sua cidade, quando vou à Porto Alegre, por exemplo, onde é que está o metrô anunciado no seu programa de governo? Quando vou à minha Belo Horizonte, onde está o metrô que aparece lá como obra do seu governo? Quando vou, por exemplo, a Cuiabá, quando vamos a Curitiba, onde estão essas obras, candidata? Na verdade a senhora tem um conjunto de boas intenções que a ineficiência do governo lamentavelmente não permitiu que ainda saíssem do papel, mas eu vou fazer isso, com planejamento e com eficiência, transformar promessas em obras, candidata.
Dilma Rousseff responde – Eu acredito que você de fato não tenha muito conhecimento, porque você não sabe onde está o metrô, e o metrô está sendo formatado pelo aliado seu, o prefeito. Nós demos dinheiro para o prefeito, o prefeito montou e está construindo o metrô que inclusive vai chegar até a Savassi, nós queremos que ele chegue até o Morro do Papagaio. Agora vocês têm de olhar com cuidado, porque essa é uma parceria que envolve o Governo Federal, a Prefeitura, e obviamente a Prefeitura tem também uma espécie de PPP. Nós estamos fazendo, candidato, nove metrôs no Brasil. É a primeira vez que se faz isso. Nove metrôs no Brasil. Nós estamos gastando 143 bilhões. Tem 189, candidato, BRTs e corredores de ônibus sendo construídos. Tem 13 VLTs no Brasil inteiro, nós temos um conjunto de obras de mobilidade urbana extremamente significativo.Quero dizer, candidato, que era bom o senhor passear um pouco pelo Brasil e ver que tem metrô sendo construído ali no Rio de Janeiro, pelo prefeito, pelo governador Pezão, tem metrô construído lá no Ceará, em Fortaleza, tem metrô sendo construído por todo o Brasil pela primeira vez, candidato, porque enquanto vocês foram governo jamais investiram em mobilidade urbana. Nós somos o primeiro grande investimento em mobilidade urbana. Além disso, candidato, eu queria dizer para o senhor uma coisa, o senhor quer se apropriar dos meus programas sociais. Agora, quando eu digo que um determinado programa está acontecendo, o senhor fala, não, eu vou fazer e vou fazer melhor. Ora, candidato, vocês nunca quando puderam o fizeram. Vocês fizeram Bolsa Família de cinco milhões. Nós fazemos de 50 milhões, candidato.
Réplica de Aécio Neves – Dizer uma inverdade num momento pode ser equívoco, repeti-la mais de uma vez é outra coisa. Foram cinco milhões de pessoas atendidas no início, sim, no início do Bolsa Família. Mas fiz a indagação para trazer a realidade dos números. Não se pode jogar tantos números aos ventos e transformá-los em obras. Na verdade, das 200 obras de mobilidade anunciadas pela senhora, 28 apenas foram entregues, candidata. De cada dez obras que a senhora prometeu fazer para melhorar o trânsito, falo novamente para o amigo que está no trânsito, apenas uma foi entregue. Vocês estão governando o Brasil há doze anos. E vocês demonizaram durante mais de dez anos as parcerias com o setor privado, e isso fez com que tudo atrasasse no Brasil. Vamos sair das grandes cidades. A transposição do São Francisco, onde é que está essa obra, candidata? Parada e com sobrepreço. A Transnordestina, parada e com sobrepreço, essa infelizmente é a marca do seu governo, obras anunciadas e que não terminam nunca.
Tréplica de Dilma Rousseff – Candidato, o senhor falou que vocês fizeram o Bolsa Família para 20 milhões de pessoas? Candidato, pensa bem no que o senhor está falando. Vocês nunca fizeram Bolsa Família para cinco milhões de famílias, vocês não fizeram. Vocês nunca chegaram a 20 milhões de pessoas atendidas no Brasil. Nós chegamos a 50 milhões de pessoas. Candidato, quero dizer uma coisa, o senhor está confundindo todas as obras, aliás eu acho que deliberadamente. O senhor sabe que as obras de mobilidade são em parceria, parceria com governos e com governadores. Todas as obras de mobilidade que nós fazemos em Minas é em parceria com o Governo do Estado e com a Prefeitura, e isso vale para todos os estados. Eu discordo do senhor, acho que as obras não estão paradas, candidato, o senhor tem de ser, o senhor tem de se informar melhor, as obras estão andando. E eu digo outra coisa, tem muitas obras saindo do papel hoje.
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