“Afastamento a partir da admissibilidade significa na prática um pré-julgamento”, diz Renan
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) deu entrevista coletiva instantes antes da abertura da sessão desta quarta (11) que pode decretar o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff, caso o processo do impeachment seja aberto pela Casa.
Renan defendeu o apoio congressual a uma possível gestão Michel Temer, mas disse que não quer participar pessoalmente do governo do também peemedebista. “Eu vou ter com o novo presidente da República a mesma relação que eu tive com a presidente Dilma”, disse Calheiros. “Vou ajudar institucionalmente (…). Não quero diretamente e não devo participar do governo”, completou.
“Se for essa a decisão do Congresso Nacional (pelo afastamento de Dilma), é necessário que ele (Temer) tenha o apoio do Congresso Nacional para fazer as reformas estruturantes e para fazer sobretudo a reforma política”, disse.
O presidente do Senado defendeu uma urgente reforma política e também a alteração da lei do impeachment (1.079/50), que data de 1950. “Se nós não fizermos as reformas políticas, se nós não fizermos as reformas estruturais, acho que teremos muitos eventos como esse (a votação do impeachment)”, prevê Renan. “O afastamento a partir da admissibilidade significa na prática um pré-julgamento”, criticou também o presidente do Senado, apontando contra a lei que rege o impedimento, mas citando o que pode acontecer com Dilma nesta quarta. Para Renan, a mudança nas regras do impeachment deve ser feita “para que a democracia não perca”.
Calheiros disse que está “lutando para manter a independência e a impessoalidade” e garantiu que não vai votar na sessão do impeachment, como fez o presidente da Câmara em 17 de abril, o também peemedebista Eduardo Cunha. “É incompatível com um presidente”, avaliou, de maneira genérica.
O alagoano afirmou também: “em todos os momentos eu torci para que esse processo não chegasse ao Senado Federal”. Ele classificou o impeachment como “sempre um processo longo, traumático, (que) não produz resultados imediatos”.
Renan afirmou ainda que se preparou durante toda a madrugada para estar pronto a responder qualquer questão de ordem que for levantada na sessão. O presidente do Senado informou que a citação dos detalhes sobre um possível afastamento de Dilma Rousseff será feito apenas na quinta (12) e prometeu se reunir pessoalmente com a petista. “A citação será amanhã e eu vou combinar detalhes com a Presidente da República”.
Calheiros também reafirmou ser “cada vez mais parlamentarista” e vê no presidencialismo um fator de “instabilidade”, que é a “possibilidade do chefe de Estado balançar”.
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