‘Algumas imagens sugerem abuso da polícia’, diz PM sobre mortes em baile funk

O tenente-coronel Emerson Massera afirmou, durante coletiva de imprensa neste domingo (1º), que a ação dos 38 policiais militares que atuaram na ocorrência será apurada ‘com o máximo rigor’

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2019 15h29 - Atualizado em 01/12/2019 16h02
MARCO AMBROSIO/ESTADÃO CONTEÚDO Carros da polícia militar

Uma perseguição policial na madrugada deste domingo (1º) resultou na morte de nove pessoas por pisoteamento na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo. Em coletiva de imprensa, a Polícia Militar do Estado de São Paulo afirmou que algumas imagens que circulam nas redes sociais “sugerem abuso da polícia”.

O tenente-coronel Emerson Massera afirmou que a Polícia Militar recebeu as imagens feitas durante a ação dos policiais e que tudo será “apurado com o máximo rigor”.

De acordo com a PM, a perseguição começou no entorno do baile funk, na altura da Avenida Hebe Camargo, na Zona Sul, após dois suspeitos em uma moto atirarem contra a polícia. Seis policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) monitoravam a região como parte da Operação Noite Tranquila, que visa impedir a realização dos bailes funk, quando foram atacados pelos suspeitos.

A partir daí, os agentes pediram reforços e passaram a perseguir a moto com os suspeitos, que entraram no baile funk conhecido como “Baile da 17”. Cerca de 5 mil pessoas estavam no local.

Durante a coletiva de imprensa, Massera também informou que os policias usaram quatro granadas e oito munições de elastômero, popularmente conhecida como bala de borracha.

“O que os policiais que atuaram na ação relataram foi que tudo se deu muito rápido e quando se deram conta já estavam sendo agredidos. Não houve outra alternativa se não o uso das munições químicas, mas de qualquer forma precisamos aguardar a apuração. É cedo para afirmar que os policiais tomaram atitudes incorretas e é cedo para defendê-los. A apuração será feita com o máximo rigor”, afirmou o tenente-coronel.

Nenhum suspeito foi preso nem a moto foi apreendida até o momento. Quatro das nove vítimas que morreram pisoteadas já foram identificadas – um deles tinha 14 anos, os demais eram maiores de idade. Duas mulheres ficaram feridas e foram atendidas em hospitais da região.

No local onde acontecia o baile funk foram encontradas uma munição calibre 380 e uma 9 milímetros. As armas dos 38 policiais militares que atuaram na ocorrência foram apreendidas e passarão por perícia. A Polícia Civil também abriu investigação sobre o caso.

Atuação da PM em bailes funk

Durante a madrugada deste domingo, a PM atuou 250 pontos de bailes funk na capital. A Operação Noite Tranquila visa impedir a instalação dos bailes funk, mas o tradicional “Baile da 17” de Paraisópolis já contava com muitas pessoas durante a noite do sábado (30).

“Não conseguimos ocupar o lugar devido ao grande número de pessoas. O baile já estava instalado e polícia esteve lá logo no início da noite. Optamos por atuar nas imediações e não dispersar. Há pessoas de outros municípios que vão para esse baile, há caravanas e já tivemos caso de 10 mil pessoas nessa localidade”, informou Massera.

Por acontecerem em locais inapropriados para eventos desse porte, os bailes funk não oferecem rotas de fuga em casos de tumultos e, segundo a PM, ao tentar fugir da confusão uma das pessoas no meio da multidão acabou caindo em uma viela, o que fez com que outras caíssem sobre ela e acontecesse o pisoteamento.

Os policiais que atuaram na ação informaram que não usaram munição letal – as armas serão periciadas. “A PM tem agido de maneira bastante técnica e correta nessas ações em baile funk. O que aconteceu hoje foi um fato diferente do que vem acontecendo, a nossa ação tem sido feita de maneira consciente e preventiva. Precisamos discutir alternativas mais seguras para esses bailes e para não colocar em risco a vida dessas pessoas”, declarou o tenente-coronel.

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