Aníbal defende adiar votação da reforma da Previdência

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/12/2017 15h43 - Atualizado em 02/12/2017 16h04
Divulgação/PSDB José Aníbal Fala ocorreu após Aníbal ter participado em São Paulo de evento que reuniu lideranças do PSDB, PT, PSB, PSD, PPS e PV

O presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão oficial de formação política do PSDB, José Aníbal, afirmou neste sábado, 02, que “justifica-se não levar a proposta de reforma da Previdência à votação na Câmara na semana que se inicia amanhã e sim na outra”.

“Até mesmo pela expectativa de que na outra semana haverá uma maioria firme para votar e aprovar a reforma, sobretudo a idade mínima com regra de transição muito adequada para dar sustentabilidade da previdência do INSS e um combate aos privilégios, acabando com as aposentadorias especiais do setor público”, disse. Ele acrescentou que as aposentadorias especiais do setor público são pagas pelo Tesouro e, portanto, pelos mais pobres.

Questionado sobre se o pedido do PSDB para que seja incluído na proposta de reforma da Previdência uma regra de transição para funcionários que ingressaram no serviço público antes de 2003 não era uma forma de manter privilégios, o ex-deputado tucano disse que é inaceitável esse tipo de pedido do partido. “É inaceitável esse tipo de transição que o PSDB está pedindo neste momento. Podemos trabalhar sobre isso em momentos posteriores. Nesse momento temos que aprovar aquilo que está acordado”, criticou.

A avaliação do presidente do Instituto Teotônio Vilela é a de que este tema poderá ser discutido mais tarde. “Mais adiante a gente vai aperfeiçoando. Não temos compromisso com o erro. O que for preciso fazer para diferenciar aqui e acolá nós podemos fazer, mas mais adiante. A reforma da Previdência é crucial até para dar motivação aos investidores para que voltem ao Brasil”, disse Aníbal.

De acordo com ele, se a reforma previdenciária passar agora, a percepção das agências internacionais de classificação de risco em relação ao País melhora e com essa melhora eleva-se também a confiança do investidor estrangeiro em colocar dinheiro no País. Na mão contrária, segundo Aníbal, se a reforma não passar, a possibilidade de o Brasil receber investimentos estrangeiros vai ser muito mais difícil, mais onerosa e o País terá de pagar mais do que teria de pagar se houvesse uma convergência para as contas públicas. “É disso que se trata. Com reforma tem o horizonte de que o Brasil vai saber administrar suas contas públicas. Sem reforma o Brasil corre o risco de não ter como administrar as suas contas”, disse.

Aníbal falou com a Agência Estado após ter participado em São Paulo de evento que reuniu lideranças do PSDB, PT, PSB, PSD, PPS e PV na tentativa de buscar pontos em comum em defesa da democracia, direitos humanos e contra o avanço da “pauta autoritária e conservadora”. Além do tucano, marcaram presenças no evento o vereador petista Eduardo Suplicy, Eduardo Jorge (PV) e Arnaldo Jardim (PPS). Os tucanos José Serra e o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, não compareceram.

“Apoio está mantido”

De acordo com Aníbal, a saída do PSDB não é a questão mais relevante porque o ex-ministro das Cidades Bruno Araújo já deixou o governo e ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, está em vias de fazer o mesmo. “Agora, o apoio à reforma da Previdência está mantido. Uma coisa é você ter uma posição contra o governo, questionar isso ou aquilo, não estar a favor de que quadros do PSDB estejam no ministério. Até aí, é o jogo democrático. Agora, o compromisso com as reformas é a imagem do PSDB, um partido reformista. Fizemos isso no governo Fernando Henrique e demos rumo ao Brasil”, disse.

Aníbal aproveitou para mandar um recado aos deputados que temem perder votos e assim inviabilizar suas reeleições caso votem a favor da proposta de reforma da Previdência. “É uma farsa essa história de que quem votar pela reforma da Previdência não voltará ao Parlamento. Se não votar, aí sim, é provável que não volte ao Parlamento”, argumentou. Ele comparou que todos os que votaram pelas reformas no governo de FHC foram reeleitos e voltaram ao Parlamento.

Sobre uma eventual chapa do PSDB para concorrer à Presidência formada por Alckmin e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como vice, Aníbal disse não acreditar. “Atualmente esse tema está excitando as pessoas. Todos querem saber quem vai sair e quem não vai sair candidato. Bastou o Meirelles aparecer ao lado do Geraldo que começou-se a falar nisso. Eles têm um ponto de identidade que ninguém pode destruir: as carecas”, brincou o ex-deputado tucano.

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