Anotações de lobista sugerem repasses a ministro
O Jornal O Globo revela nesta terça-feira (17) trechos da agenda do lobista Milton Lyra que apontam supostos repasses ao ministro das Cidades, Alexandre Baldy.
“Baldy. Conta corrente 6x 450”. A anotação encontrada no celular de Lyra apreendido pela Polícia Federal é de março de 2013, época em que Baldy era secretário de Indústria e Comércio do governo de Goiás.
De 2015, foi encontrada no celular do lobista uma imagem dele tomando uma taça de vinho ao lado do ministro.
Ao jornal, o ministro negou o recebimento de qualquer repasse. “Não tenho ideia. Nunca tive nada com ele. Se (o dinheiro) foi pra mim, eu vou te falar que não chegou. Podia até ligar pra ele reclamando. Infelizmente ou felizmente, não chegou”, disse Baldy, que também negou amizade com o lobista preso.
Tínhamos uma relação de pais de alunos que estudavam juntos. Cheguei a ir a casa dele umas duas ou três vezes, mas acho que ele nunca frequentou a minha”, disse o ministro
Outras referências
Outra anotações do celular lobista indica: “PMDB – 550; PT 550; PDT 550 – 50 = 500 e PP 500”. O título da nota é “Imposto 20/” .
No celular de Lyra, há ainda referências ao senador Renan Calheiros (MDB), o ministro Moreira Franco, o ex-tesoureiro João Vaccari Neto e o ex-ministro Antonio Palocci.
São algumas dessas notas do lobista:
“Marcar jantar com Vacari (sic)”
“Eletro. Palocci. 25% de reajuste. Amanhã sai novo edital”
Há também registros de relações com a empreiteira Engevix e possível pressão para obtenção de financiamento da Caixa Econômica Federal, inclusive com sugestão de “pressão” sobre o então presidente do banco público, Jorge Hereda, e o então ministro da Fazenda Guido Mantega.
“Engevix 500. 250. 250”, diz uma nota. “Pressão Hereda / Mantega”, aponta outra.
Os dados são investigados pela Procuradoria-Geral da República.
Antes apontado como operador do PMDB, a influência de Lyra agora é vista como mais extensa e os investigadores avaliam possível delação do lobista.
Milton Lyra foi preso pela suspeita de intermediar repasses ilícitos do fundo de pensão Postalis ao lado do empresário Arthur Pinheiro Machado.
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