Em lancha, Cristiane Brasil alega desconhecer dívidas trabalhistas

  • Por Jovem Pan
  • 29/01/2018 13h19 - Atualizado em 29/01/2018 16h19
Reprodução Cristiane Brasil é gravada em vídeo em lancha se defendendo de condenação na Justiça do Trabalho; "fora do contexto", alega

Em vídeo que circula nas redes sociais, a indicada pelo presidente Michel Temer ao ministério do Trabalho, deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), alega que não sabia ter “nada a dever” em processos trabalhistas de ex-funcionários contra ela. Em um dos casos, ela foi condenada em 2016 pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1) a pagar R$ 60,4 mil a um motorista cuja carteira não assinou.

Sobre uma lancha, cercada por quatro homens sem camisa não identificados, Cristiane Brasil diz: “Eu juro para vocês que eu não achava que eu tinha nada para dever para essas duas pessoas que entraram contra mim, e eu vou provar isso em breve”.

“Todo mundo pode pedir qualquer coisa abstrata”, disse a indicada ao ministério. “O negócio é o seguinte, quem é que tem direito, ainda mais na Justiça do Trabalho?”, questionou.

“Eu só quero saber o seguinte: quem (sic) que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?”, diz a deputada na conclusão do vídeo, ao som de música eletrônica ao fundo.

“E eu tô com você, doutora”, diz um dos companheiros de Cristiane, não identificado. Apesar de não ter tomado posse, ela é chamada por um dos colegas de “ministra”: “vai, ministra”.

Outro amigo de Cristiane se solidariza a ela: “nós sabemos disso, como empresário aqui, ação trabalhista toda hora a gente tem”, frase que é validada por outro homem: “todo mundo pode ter, eu tenho, ele tem, qualquer um pode ter”.

Não é possível determinar quando o vídeo foi gravado. Veja a gravação:

Cristiane Brasil faz vídeo se defendendo de ações trabalhistas

Publicado por Top Vídeos em Domingo, 28 de janeiro de 2018

 

Outro lado

Em nota, Cristiane Brasil disse que “a gravação e a divulgação do vídeo foi uma manifestação espontânea de um amigo, utilizada fora do contexto”.

“A deputada reitera ainda o seu respeito à Justiça do Trabalho e à prerrogativa do trabalhador reivindicar seus direitos”, afirmou a deputada.

Imbróglio

Filha de Roberto Jefferson, que foi o autor da denúncia do mensalão do PT em 2005, Cristiane foi anunciada como ministra do Trabalho em 3 de janeiro. Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia seguinte. Em 8 de janeiro, contudo, a posse dela foi suspensa por decisão liminar emitida pelo juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ).

O magistrado atendeu a pedido de um grupo de advogados trabalhistas que entrou com ação popular pedindo a suspensão da posse de Cristiane. Os advogados argumentam que a deputada não pode assumir o cargo, pois foi condenada em processos trabalhistas de ex-funcionários contra ela. Na decisão, o juiz fluminense argumentou que a nomeação desrespeita a moralidade administrativa.

A AGU e a defesa de Cristiane recorreram da liminar ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no Rio. Após ter todos os recursos negados pelos desembargadores do TRF-2, a AGU entrou na quinta-feira da semana passada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que liberou a posse. Na madrugada de segunda-feira, 22, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu temporariamente a posse, que estava marcada para ocorrer às 9h daquela segunda-feira.

A decisão pela suspensão foi da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, que está respondendo pelo tribunal durante o recesso do Judiciário. A ministra atendeu a pedido do mesmo grupo de advogados trabalhistas autor da ação em primeira instância. O grupo recorreu ao Supremo questionando a legitimidade do vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, para deliberar sobre o caso. No último sábado, 20, Humberto Martins derrubou liminar anterior e autorizou a posse de Cristiane, que depois voltou a ficar suspensa, pela decisão do Supremo.

Com informações complementares de Estadão Conteúdo

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