Aplicativo que ‘paga’ pelos seus passos vira febre, e tiktokers tentam ensinar a bular o sistema

Sweatcoin é uma das plataformas mais populares nas lojas virtuais do Brasil, mas só ganhou repercussão nas redes sociais

  • Por Flavia Matos
  • 22/05/2022 10h00
Divulgação/Sweatcoin sweatcoin O aplicativo Sweatcoin está entre os mais baixados nas lojas digitais

Em uma rápida pesquisa na Play Store do Google, no ranking de aplicativos gratuitos mais baixados, o Sweatcoin aparece em primeiro. No Apple Store, cai um pouco, mas ainda fica em posição relevante: 11º. Se você nunca ouviu falar, o Sweatcoin é uma plataforma que transforma seus passos no dia a dia em “dinheiro”. Seus usuários podem usá-la para comprar itens de parceiros, doar para caridade ou transformar em “sweat”, uma moeda digital. A ideia é recompensar quem preza por uma vida saudável. Não se trata de um conceito novo no mercado, mas fez muito sucesso.

A febre levou o Sweatcoin a ser conhecido em outras plataformas, especialmente o TikTok. Lá, é comum encontrar vídeos de adolescentes tentando “burlar” o app, balançando os pés ou mexendo o celular para contar como passos. Não se engane: a plataforma foi criada de modo a não ser ludribirada pelo balanço ou sacolejo dos smartphones. No YouTube, há tutoriais que prometem ensinar os usuários a conseguir até US$ 1.000 convidando pessoas. Realmente existe o Programa de Influenciadores, no qual se obtém recompensas após convidar 21 pessoas que efetivamente se cadastraram no game. Não há, porém, nenhum registro de que alguém obteve quantias vultuosas através de convites.

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Também virou assunto nas redes a questão da segurança, em especial o temor de que o aplicativo rouba os dados dos usuários. A Jovem Pan conversou com um especialista em direito digital, que explicou sobre a funcionalidade desse tipo de app. “Essa gamificação não é nova. Existem aplicativos de música que pagam para você ouvir. Há uns dez anos, havia um aplicativo em que os planos de saúde incentivavam que os usuários utilizassem esses serviços de atividade física, com caminhada. E eles eram gamificados, as pessoas recebiam pontos para trocar. Nesse caso [do Sweatcoin], eles são remunerados. Não diretamente, com moeda convencional, mas com a moeda digital, o que é muito comum em videogames”, explicou o advogado Wilson Roberto.

À Jovem Pan, o especialista também disse que é impossível dizer que há roubo de dados sem uma perícia. “O site diz que os dados são seguros. Essa segurança precisa de uma análise profunda de perícia. Se houve algum tipo de falha, se apresenta erro. Mas dados nenhum no mundo são seguros, porque diversos locais já sofreram vazamentos de dados sensíveis”, alertou. O Sweatcoin afirma que os dados são “100% seguros” e alega que existe um algoritmo de verificação. Para Roberto, a popularidade da plataforma e de outros aplicativos similares, como o Step Going e o Lucky Step, incentivam a mobilidade. “Tudo que vem a gamificar são coisas que atiçam a vontade humana de fazer alguma coisa. Se eu vou caminhar e terei um benefício, não só de saúde, mas de ganhos paralelos, vou estar mais engajado.”

Como funciona o Sweatcoin

  • Para fazer a contagem dos passos, ao plicativo se conecta a serviços que monitoram atividades físicas, como aqueles usados por corredores amadores;
  • A cada mil passos, o usuário ganha um sweat, a moeda digital do Sweatcoin. Assinantes do plano premium (35,99 por mês ou R$ 179,99 por ano) recebem em dobro;
  • Quase ninguém consegue sacar esse dinheiro, mas é possível pode trocá-lo por recompensas dentro do próprio aplicativo;
  • Além de produtos na loja oficial, é possível usar o saldo para fazer doações ou participar de leilões virtuais reaalizados no app;
  • Usuários mais sortudos são contemplados com a possibilidade de usar o PayPal para sacar o dinheiro. Quem quiser conferir se foi agraciado precisa checar a carteira digital e, em caso positivo, seguir as instruções.

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