Após 100 dias difíceis, governo começa a tomar rumo, vê cientista político

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2015 08h33
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Presidente Dilma Rousseff lança pacote anticorrupção EFE/Fernando Bizerra Jr. Presidente Dilma lança pacote anticorrupção e diz: "O Brasil de hoje combate a corrupção”

Em entrevista ao Jornal da Manhã da Jovem Pan, o cientista político Murillo de Aragão, presidente a Arko Advice, analisou os erros e perspectivas após a primeira centena de dias do segundo mandato da presidente Dilma, completada nesta sexta (10). “Foram 100 dias difíceis, mas aparentemente o governo começa a tomar seu rumo”, avaliou.

“Houve uma conjunção de erros e de timing de decisões para tentar consertar esses erros”, considerou o cientista político e advogado. Para ele, houve uma demora em colocar a nova equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, a trabalhar e aplicar as mudanças necessárias.

Além disso, Aragão detecta erros políticos de Dilma, como o de insistir na candidatura do petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara no começo do ano, o que gerou tensão com a base aliada do PMDB. Esses erros, entende, culminaram na escolha desta semana do vice-presidente Michel Temer como articulador político do governo. Ainda que a decisão revele “a incompetência do governo na gestão política”, com Temer, o cientista político vê uma “tendência de que o diálogo seja mais competente, mais oportuno”.

Apesar das dificuldades, o especialista entende que o governo está no caminho certo. “Não tem muito o que fazer muito além do que está proposto”, avaliou Aragão, entendendo que a questão está na “dimensão das medidas (fiscais)”. Outra “dúvida é se o governo vai ter o apoio para adotar todas as medidas”. Mesmo com o difícil diálogo com Câmara e Senado, Aragão entende que a responsabilidade maior do ajuste fiscal é do Palácio do Planalto. “O pacote de Joaquim Levy depende muito mais dele mesmo, do poder executivo, do que do Congresso”, avaliou.

Aragão compara a presença de Joaquim Levy na Fazenda com a escolha de Antonio Palocci por Lula em 2003. O que diverge é a capacidade política do chefe. “O ponto central é que Dilma, quando se elegeu, abandonou o software político que o Lula usava, que era do diálogo”, disse Aragão.

O analista entende, por fim, que Dilma não está “à deriva”, como deu a entender o senador tucano Aécio Neves, quando disse que a presidente inaugurou a “renúncia branca”, entregando o comando a Levy e a Temer. Aragão vê uma “tentativa legítima” da presidente de tentar retomar a confiança em seu governo.

Ouça a entrevista completa no áudio acima.

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