Aliados de Bolsonaro trabalham para que entrega de homenagem mude para Dallas
Aliados do presidente Jair Bolsonaro trabalham para mudar o local da premiação de personalidade do ano que será entregue pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos no próximo dia 14.
Na sexta-feira, dia 3, o Planalto anunciou que o presidente não viajaria a Nova York para receber o prêmio, depois de o prefeito da cidade ter criticado Bolsonaro e o evento virar alvo de protestos e boicotes. Agora, interlocutores do presidente nos EUA pressionam para que o evento seja realizado em Dallas, no Texas.
A mudança no local do evento não é consenso no governo. Aliados do presidente ainda insistem na ida a Nova York. A avaliação é de que Bolsonaro não deve se acovardar e há alto interesse empresarial no evento.
Após o cancelamento da participação do presidente no evento, a Câmara de Comércio informou em nota que o prêmio ocorreria conforme programado.
Durante o fim de semana, Bill De Blasio, o prefeito de Nova York, comemorou o cancelamento da viagem de Bolsonaro. “Jair Bolsonaro aprendeu do jeito difícil que nova-iorquinos não fecham os olhos para a opressão. Nós expusemos sua intolerância. Ele correu. Não fiquei surpreso, valentões geralmente não aguentam um soco”, escreveu. Na sequência, o prefeito completou: “Seu ódio não é bem-vindo aqui”.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, atribuiu o cancelamento a disputas políticas internas nos EUA.
“A realidade é que o presidente se sente incomodado pela atitude do prefeito de Nova York, que nada mais é do que uma disputa interna nos Estados Unidos”, disse Mourão. “O prefeito é democrata, o presidente Donald Trump é republicano e o presidente Jair Bolsonaro julgou por bem não se meter em algo que é uma disputa de outro país”, afirmou o vice.
A ala que defende a mudança de local do evento enfrenta alguns entraves, além das questões logísticas de remarcação de um jantar de gala em um período de uma semana. O quórum da premiação, se ocorrer no Texas, deve ficar prejudicado. Isso porque uma série de eventos paralelos ao prêmio e relacionados ao Brasil estão agendados para acontecer em Nova York do dia 13 ao dia 15. O voo de Dallas a Nova York dura mais de três horas.
Além disso, o prefeito de Dallas, Mike Rwalings, também é um democrata, como De Blasio. Mas pessoas próximas ao governo brasileiro, nos EUA, avaliam que como o Estado do Texas é conservador é menor o risco de uma reação política. O governador do Estado é republicano e um dos senadores texanos, Ted Cruz, também republicano, recebeu ano passado a visita do deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente.
A Câmara de Comércio teve dificuldade em conseguir um lugar para realizar o evento em Nova York, mas por fim havia reservado um espaço em um hotel da rede Marriott, próximo à Times Square. Durante a última semana, ativistas de direitos LGBTQ passaram a pressionar empresas que patrocinam o evento a boicotar a premiação.
Algumas empresas, como a Delta, decidiram deixar de patrocinar o jantar devido à pressão e ativistas preparavam uma manifestação na porta do local, antes de o Planalto anunciar o cancelamento da viagem.
A ida de Bolsonaro para os EUA incluía, inicialmente, não só a participação no evento, mas outras agendas organizadas em parte pelo mercado financeiro, além de uma ida a Miami para reunião com base eleitoral e republicanos.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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