Após denúncias, Collor acusa PGR de “teatro” e Cunha diz que foi “escolhido”
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), ex-presidente da República, se pronunciaram em suas redes sociais nesta quinta (20) após serem denunciados pelo Ministério Público Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As propinas que teriam sido recebidas referem-se a contratos da Petrobras investigados pela Operação Lava Jato.
Cunha teria recebido US$ 5 milhões de dólares em propina para facilitar o contrato da petroleira com a empresa sul-coreana Samsung para navios-base. Pelos prejuízos causados, a Procuradoria pediu na denúncia a devolução de US 80 milhões.
Collor, por sua vez, teria recebido R$ 26 milhões em propinas entre 2010 e 2014, para favorecer contratos com a BR Distribuidora.
Collor
Na resposta, Collor diz que a denúncia “foi construída sob sucessivos lances espetaculosos”, acusou a Procuradoria de “selecionar a ordem dos atos para a plateia”, “como um teatro”.
O senador também reclama de ter solicitado depoimento, mas que foi impedido de falar nos autos e chama a si mesmo, na terceira pessoa, de “principal vítima dessa trama”.
“Se tivesse havido respeito ao direito de o senador se pronunciar e ter vista dos autos, tudo poderia ter sido esclarecido. Fizeram opção pelo festim midiático, em detrimento do direito e das garantias individuais”, completa Collor.
Cunha
Cunha, por sua vez, disse que foi “escolhido” para ser investigado e denunciado e insinua que a recundução ao cargo do procurador Rodrigo Janot, que impetrou as denúncias, seria uma forma de “calar e retaliar” sua atuação política.
O deputado disse estranhar o fato de as denúncias terem sido feitas no dia em que movimentos sociais fazem atos contra o impeachment de Dilma, em que também pedem a saída de Cunha. “Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT”, a quem acusa de patrocinar a série de escândalos, escreveu ainda Cunha.
O presidente da Câmara também se disse “inocente”, “aliviado” com a chegada do pedido ao Supremo Tribunal Federal e diz que confia no STF para “conter” o que chama de “tentativa de injustiça”.
No texto, Cunha diz que continuará realizando seus trabalhos à frente da presidência da Casa.
Leia os textos na íntegra:
Fernando Collor de Mello:
SE TIVESSE HAVIDO RESPEITO AO DIREITO, TUDO PODERIA TER SIDO ESCLARECIDO – O senador Fernando Collor reitera sua posição acerca dessa denúncia, que foi construída sob sucessivos lances espetaculosos. Como um teatro, o PGR encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal vítima dessa trama, que também não teve direito a falar nos autos.Por duas vezes, o senador solicitou o depoimento, que foi marcado e, estranhamente, desmarcado às vésperas das datas estabelecidas. Se tivesse havido respeito ao direito de o senador se pronunciar e ter vista dos autos, tudo poderia ter sido esclarecido. Fizeram opção pelo festim midiático, em detrimento do direito e das garantias individuais.
Eduardo Cunha:
#AVerdadeDosFatos por Eduardo Cunha
Estou absolutamente sereno e refuto com veemência todas as ilações constantes da peça do Procurador Geral da República.
Sou inocente e com essa denúncia me sinto aliviado, já que agora o assunto passa para o poder judiciário.
Como eu já disse anteriormente, fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado, e ainda, figurando como o primeiro da lista. Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos à comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do Procurador, na tentativa de calar e retaliar a minha atuação política.
Respeito o Ministério Público Federal, como a todas as instituições, mas não se pode confundir trabalho sério com trabalho de exceção, no meu caso, feito pelo Procurador Geral. E, ainda, soa muito estranho uma denúncia divulgada às vésperas de manifestações vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, que tem, dentre seus objetivos, o de me atacar.
Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado.
A evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobrás.
Estou com a consciência tranquila e continuarei realizando o meu trabalho como Presidente da Câmara dos Deputados com a mesma lisura e independência que sempre nortearam os meus atos, dentro do meu compromisso de campanha de ter uma Câmara independente. Esclareço ainda, que meu advogado responderá sobre os fatos específicos referidos na denúncia.
Em 2013, por outro motivo, fui denunciado pelo Ministério Público Federal. A denúncia foi aceita pelo pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria e, posteriormente, em 2014 fui absolvido por unanimidade. Isso corrobora o previsto na Constituição Federal, da necessidade do Princípio da Presunção da Inocência.
Por fim, registro ainda que confio plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal para conter essa tentativa de injustiça.
#EduardoCunha #CamaraIndependente
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