Após ex-secretário do Tesouro assumir “pedaladas”, especialista crê que Dilma também deve ser responsabilizada

  • 19/06/2015 16h01
Montagem/Agência Brasil e Reuters Ex-secretário do Tesouro

O ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, assinou documento dizendo que é responsabilidade do secretário do Tesouro a autorização final para liberação de recursos do Orçamento, bem como a decisão do montante a ser liberado em itens da programação financeira.

Assinada no dia 30 de dezembro do ano passado, véspera de sua saída do Governo, Augustin não faz referência às “pedaladas fiscais” e exime de culpa o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega e a presidente da República, Dilma Rousseff. Em entrevista a Jovem Pan, o economista Alexandre Chaia questionou a liberação do documento após tanto tempo: “acho estranho essa carta vir à público vários dias depois de que o TCU está questionando os relatórios”.

Segundo Chaia, é possível considerar que toda a gestão econômica do primeiro mandato da presidente Dilma foi “totalmente desastroso”. “Ela não controlava o que acontecia. Ela não sabia como é que eram criados os planos, o gasto com benefícios sociais, e nem de onde vinha o dinheiro. Ela não sabia, exatamente, como se faz um Orçamento. Ela poderia nem entender disso, mas o ministro da Fazenda tem que ser responsabilizado, porque ele faz todo o planejamento financeiro. E ela teria que ser responsabilizada por dar autonomia a uma pessoa que não sabe o que está acontecendo. Então, por co-responsabilidade ela também é responsável por tudo o que está acontecendo”, justificou.

O economista enalteceu o papel de Joaquim Levy, atual ministro da Fazenda na contenção dos repasses de dinheiro do Tesouro aos bancos públicos e disse que Augustin sai´ra “queimado”.

“Ele sem dúvida vai sair bastante queimado disso. Acho que o ajuste vai ser prejudicado, mas mais por questão de credibilidade, porque o Joaquim Levy já tinha, de alguma forma, evitado essa continuidade de contas passadas então não estava mais jogando despesas para os bancos públicos pagarem”.

Ele ainda questionou o lado “estranho” da divulgação do documento. “São dois lados estranhos desta história. Uma é a situação da carta só vir à público duas semanas da discussão toda e outra é dos dois – o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que, sem dúvida é o principal responsável. Mas dizer que o presidente e o ministro da Fazenda não sabiam o que estava acontecendo é, no mínimo passar um atestado de não-competência na gestão financeira”, explicou.

Chaia ainda destacou que as “pedaladas fiscais” provaram que a presidente Dilma “não tem muita noção de como se faz um Orçamento”.

“Se isso fosse um mandato de um presidente que nunca teve um cargo executivo, mas como ela teve, não era esperado que ela tivesse este tipo de atitude. Acho pouco provável que ela diga que não sabia o que estava acontecendo. Ela dizer que não está sabendo é bem pior que o problema da refinaria de Pasadena. Lá ela recebeu um relatório, dessa não. Ela anunciava os gastos e sempre dizia que estava fazendo mais investimentos em áreas sociais, mas tudo isso tinha um custo financeiro”, finalizou.

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