Após rejeição de contas, Nardes espera que “empresa Brasil” abandone “jeitinho”
O ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes entende que a rejeição das contas do governo Dilma de 2014, é um marco na prestação de contas públicas no Brasil. “É você pegar seu filho, ver se ele está cumprindo o dever da escola”, ilustrou.
“Hoje o Tribunal de Contas, com essa transforamção aque nós fizemos, está preparado para demonstrar por que a educação não funciona”, disse o ministro, citando outros serviços públicos que, em sua opinião, devem ser melhor monitorados a partir de agora. Nardes deu entrevista exclusiva à Jovem Pan nesta quinta-feira (08).
O ministro do TCU diz que a “empresa Brasil” não pode mais continuar atuando com base no “jeitinho brasileiro”. Ele elogiou o trabalho da equipe técnica do tribunal e disse que a decisão inédita de rejeitar as contas do governo federal é resultado de um esforço para “aperfeiçoar a auditoria financeira”.
“Não pode gastar mais do que ganha”, resume.
Ameaça
O ministro do TCU afirmou ainda que foi “ameaçado de todas as formas” e teve que andar com seguranças particulares nos últimos meses. Ele foi o relator que recomendou ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (07) a rejeição das contas do governo Dilma de 2014, parecer seguido por todos os membros do TCU.
O relator disse que passou esta quarta preocupado e na expectativa do posicionamento de Luiz Fux, ministro do STF. À tarde, Fux negou pedido do governo federal, que queria a suspeição de Nardes e o adiamento do julgamento das contas. No domingo, três ministros de Dilma anunciaram o pedido pela troca de Nardes na relatoria. Augusto Nardes classifica a medida como uma tentativa de “amordaçar” os trabalhos do TCU. Ele considerou o movimento pela suspensão da análise das contas “extremamente perigoso” e entende que uma eventual aceitação da tese do governo “comprometeria totalmente a democracia brasileira”.
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da AGU, Luís Inácio Adams; e do Planejamento, Nelson Barbosa anunciaram ação frustrada pela suspensão do julgamento das contas no último domingo
“A perseguição é muito mais para tentar tirar o foco dos R$ 106 bilhões”, disse o ministro do TCU, em referência ao montante irregular encontrado no balanço público, que justificou a rejeição das contas.
Copa
Nardes confirmou ainda que se encontrou com presidente Dilma Rousseff em 12 de junho de 2014, dia da abertura da Copa do Mundo, e a alertou sobre um passivo de R$ 2,3 trilhões no orçamento, referente a aposentadorias de funcionários públicos, que não estavam sendo devidamente contabilizados. “Ela tomou algumas providências, contabilizou uma parte”, diz Nardes.
Para Nardes, a situação das contas no INSS é “gravíssima”. “Não teremos condições de pagar a aposentadoria (…) de pagar o salário integral”.
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