Após rejeição de contas, Nardes espera que “empresa Brasil” abandone “jeitinho”

  • Por Jovem Pan
  • 08/10/2015 09h10
BRASÍLIA, DF, 07.10.2015: TCU-GOVERNO - O ministro Augusto Nardes durante sessão - O TCU (Tribunal de Contas da União) julga as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff, em Brasília (DF). Por unanimidade, o TCU rejeitou nesta quarta-feira (7) o afastamento do ministro Augusto Nardes da relatoria das contas da presidente Dilma Rousseff de 2014. (Foto: Alan Marques/Folhapress) Alan Marques/Folhapress Ministro Augusto Nardes durante sessão do TCU que pediu a rejeição das contas de 2014

O ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes entende que a rejeição das contas do governo Dilma de 2014, é um marco na prestação de contas públicas no Brasil. “É você pegar seu filho, ver se ele está cumprindo o dever da escola”, ilustrou.

“Hoje o Tribunal de Contas, com essa transforamção aque nós fizemos, está preparado para demonstrar por que a educação não funciona”, disse o ministro, citando outros serviços públicos que, em sua opinião, devem ser melhor monitorados a partir de agora. Nardes deu entrevista exclusiva à Jovem Pan nesta quinta-feira (08).

O ministro do TCU diz que a “empresa Brasil” não pode mais continuar atuando com base no “jeitinho brasileiro”. Ele elogiou o trabalho da equipe técnica do tribunal e disse que a decisão inédita de rejeitar as contas do governo federal é resultado de um esforço para “aperfeiçoar a auditoria financeira”.

“Não pode gastar mais do que ganha”, resume.

Ameaça

O ministro do TCU afirmou ainda que foi “ameaçado de todas as formas” e teve que andar com seguranças particulares nos últimos meses. Ele foi o relator que recomendou ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (07) a rejeição das contas do governo Dilma de 2014, parecer seguido por todos os membros do TCU.

O relator disse que passou esta quarta preocupado e na expectativa do posicionamento de Luiz Fux, ministro do STF. À tarde, Fux negou pedido do governo federal, que queria a suspeição de Nardes e o adiamento do julgamento das contas. No domingo, três ministros de Dilma anunciaram o pedido pela troca de Nardes na relatoria. Augusto Nardes classifica a medida como uma tentativa de “amordaçar” os trabalhos do TCU. Ele considerou o movimento pela suspensão da análise das contas “extremamente perigoso” e entende que uma eventual aceitação da tese do governo “comprometeria totalmente a democracia brasileira”.

Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da AGU, Luís Inácio Adams; e do Planejamento, Nelson Barbosa anunciaram ação frustrada pela suspensão do julgamento das contas no último domingo 

“A perseguição é muito mais para tentar tirar o foco dos R$ 106 bilhões”, disse o ministro do TCU, em referência ao montante irregular encontrado no balanço público, que justificou a rejeição das contas.

Copa

Nardes confirmou ainda que se encontrou com presidente Dilma Rousseff em 12 de junho de 2014, dia da abertura da Copa do Mundo, e a alertou sobre um passivo de R$ 2,3 trilhões no orçamento, referente a aposentadorias de funcionários públicos, que não estavam sendo devidamente contabilizados. “Ela tomou algumas providências, contabilizou uma parte”, diz Nardes.

Para Nardes, a situação das contas no INSS é “gravíssima”. “Não teremos condições de pagar a aposentadoria (…) de pagar o salário integral”.

 

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