Arqueólogos descobrem conjunto de ilhas artificiais pré-coloniais na Amazônia

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2020 14h20 - Atualizado em 26/01/2020 14h48
Márcio Amaral/ Instituto Mamirauá Construções similares foram encontradas na Ilha do Marajó, no Pará, e em Llanos de Mojos, na Bolívia

Arqueólogos do Instituto Mamiruá, que pesquisa a região do Médio Solimões, no Amazonas, descobriram um conjunto de ilhas artificiais construídas por povos indígenas nos períodos pré-colonial e colonial, que antecedem a chegada dos portugueses e espanhóis à região.

Também chamadas de “aterrados”, as mais de 20 ilhas medem entre um e três hectares, e tem até sete metros de altura, com formato piramidal. Na parte de cima, que fica na superfície na época da cheia, o material cerâmico utilizado no solo ajuda a dar estabilidade ao terreno. As bordas têm forma de rampa, que facilita o acesso à água e à pesca.

De acordo com as informações do Instituto, “foram encontradas cerâmicas do estilo corrugado, caracterizado esteticamente pelas ‘rugas’, camadas modeladas nos vasos e peças. O estilo cerâmico, datado dos séculos 15 e 16, é comum a grupos tupis”. Foram identificados também fragmentos de cerâmica do estilo “Hachurada Zonada, tipo ainda mais antigo – acredita-se que por volta de mil a.C”.

Os arqueólogos estimam que as ilhas foram erguidas e utilizadas pelos omáguas, povo indígeno ascendente dos atuais kambebas, etnia amazônica que vive no Brasil e no Peru. A quantidade de terra que os omáguas movimentaram para formar as ilhas impressionou Márcio Amaral, do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá.

“É um volume absurdo de terra que foi movimentada. Se essa movimentação de terra fosse mecanizada, seriam necessários vários tratores várias caçambas, várias pás-carregadeiras – uma estrutura monumental”.

O número de ilhas e o volume de terra levanta hipóteres entre os pesquisadores sobre o núvem de conhecimento, capacidade tecnológica, densidade populacional e organização social dos omáguas.

“Certamente havia muitas pessoas e havia uma organização para essas pessoas construírem e movimentar terra. Tinha que saber onde colocar. Seguramente, havia [pessoas que cumpriam a função de] engenheiros. As ilhas são rampadas. Para aguentar a distribuição do peso fizeram com uma distribuição proporcional”.

As pesquisas feitas pelo Instituto Mamirauá com o apoio do ICMBio são desenvolvidas há cinco anos. Segundo o grupo, as construções similares foram encontradas na Ilha do Marajó, no Pará, e em Llanos de Mojos, na Bolívia.

* Com informações da Agência Brasil.

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