Ataque a comitiva de Lula gera debate no Senado
Senadores bateram boca na tribuna nesta quarta-feira (28) depois de troca de acusações sobre ataques sofridos pela comitiva do ex-presidente Lula no Sul do país.
No início da semana, a gaúcha Ana Amélia, do Partido Progressista, havia elogiado manifestantes. Ela declarou que atirar ovos e levantar o relho mostram a força do Rio Grande.
Já um dia depois da comitiva de Lula ser alvo de tiros, o petista Lindbergh Farias atacou a senadora. “O que vossa excelência fez foi incitar a violência. A senhora é um pouco responsável pelos tiros no ônibus do presidente Lula”, disse Lindbergh.
“Ah, eu sabia que você ia fazer isso. Eu sabia que você ia chegar nisso. Essa é a covardia de quem diz pros outros é a força de expressão, força de expressão”, rebateu a senadora.
“Vossa excelência acha normal uma senadora dizer ‘atirar ovo’, ‘levantar relho’, vossa excelência acha isso razoável, depois de apedrejaram os ônibus?”, questionou Lindbergh.
“Senador, isso não é tiro. Qual é a relação entre ovo e tiro, senador?”, questionou Amélia.
“Vossa excelência sabia das agressões que estavam acontecendo”, acusou o petista.
“Não force a barra, senador, não force a barra”, disse Amélia.
“Eu esperava a postura de grandeza de vossa excelência pedir desculpa, se retratar”, cobrou Lindbergh.
“A senadora Gleisi Hoffmann não pediu desculpa aqui na tribuna quando falou em morta, ‘vai ter morte'”, lembrou Amélia.
Em meio ao bate boca entre Ana Amélia e Lindberg Farias, outros parlamentares foram à tribuna condenar a violência.
O senador Randolfe Rodrigues, da Rede, ressalta que as diferenças partidárias não podem estar acima da democracia.
“Não tenho razões de simpatia alguma, aliás tenho posição política diferente do Partido dos Trabalhadores. Meu partido, Rede Sustentabilidade, tem uma candidata à Presidência, Marina Silva, e nós temos muitas diferenças. Mas tem um momento em que tem que dizer para as diferenças que elas não podem estar acima da democracia”, declarou.
Randolfe Rodrigues também citou o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, que revelou estar sofrendo ameaças.
O senador Cristovam Buarque (PPS) destaca que a violência contra as autoridades não pode sair do controle. “Tenho dúvidas até se já não saiu. Isso sairá do control e, quando sair do controle, a Síria está mostrando o que acontece. Nós não podemos deixar que isso saia do controle e que o processo democrático da eleição de outubro seja um processo armado, e não um processo de urna. Não podemos deixar”, disse.
Cristovam Buarque propõe uma sessão especial no Congresso para discutir uma “trégua” no processo eleitoral.
O senador tucano Cássio Cunha Lima aponta que o pleito de outubro é decisivo.
“Estamos em uma encruzilhada. Nas próximas eleições ou o Brasil acerta o passo, apruma em direção a um futuro melhor que todos queremos, ou infelizmente teremos essa situação atual agravada em todos os seus aspectos”, afirmou.
O senador Cássio Cunha Lima não mencionou especificamente o ataque sofrido pela comitiva de Lula.
Por meio do Twitter, presidenciáveis como Henrique Meirelles e Marina Silva também criticaram as hostilidades contra a caravana do ex-presidente.
Michel Temer lamentou o ocorrido e reforçou que, desde que assumiu o governo, vem denfendendo a necessidade de reunificar os brasileiros.
Geraldo Alckmin, após declarar que Lula planta o que colhe, recuou e condenou a violência.
Informações do repórter Jovem Pan Thiago Uberreich
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