Áudios revelam que Renan Calheiros discutiu nomeação no governo Dilma com a Joesley Batista

  • Por Jovem Pan
  • 31/01/2019 19h03 - Atualizado em 31/01/2019 21h14
Agência Senado Senador concorre nesta sexta-feira novamente à presidência da Casa; gravações recém-reveladas devem influenciar a votação

Em 2014, Renan Calheiros (MDB-AL), então presidente do Senado (e atual postulante ao cargo), procurou o empresário Joesley Batista, da JBS, para discutir uma nomeação para o Ministério da Agricultura no governo de Dilma Rousseff (PT). A conversa foi interceptada pela Polícia Federal e revelada nesta quinta-feira (31) pelo jornal Folha de S. Paulo.

O alvo da interceptação da PF era Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais da holding J&F e responsável pela intermediação da empresa com o Congresso. Em uma das 18 gravações obtidas pelo jornal, feitas em outubro, Renan e Joesley comemoram a vitória de Dilma contra Aécio Neves (PSDB) na eleição de 2014, logo após a divulgação do resultado.

“Como dizem, foi sofrido mas valeu”, diz Renan. “Foi sofrido, mas ganhamos, hein, presidente?”, completa Joesley. Após os “parabéns”, eles combinam um jantar para “pensar os próximos passos”. O encontro aconteceu em 5 de novembro.

Em dezembro, Renan entra em contato com Saud para pedir nova reunião com Joesley. “Deixa eu te dizer uma coisa, era importante a gente bater um papo com o Joesley para a gente conversar um pouco sobre essa questão aí da Agricultura”, afirma. Dilma já havia escolhido Kátia Abreu, mas ela não era bem vista pelo empresário.

A Folha de S. Paulo mostra ainda outros áudios que revelam articulações de Renan e Saud envolvendo Vinicius Lage. Chefe de gabinete do senador, ele foi indicado para ser ministro do Turismo no primeiro governo da petista. Outros mostram também conversas de Vital do Rego, aliado de Renan e hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), com Saud, por quem é chamado de Vitalzinho.

Respostas

Procurados pelo jornal, Renan Calheiros não se manifestou e a defesa de Joesley e Saud disse que “os assuntos referentes às doações eleitorais ou qualquer ato ilícito foram exaustivamente tratados e esclarecidos em acordo de colaboração firmado em 2017”. Afirma ainda que “nunca houve interferência do senador Renan Calheiros em favor da empresa junto ao Ministério da Agricultura, mas sim do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB)”.

Em nota, a assessoria de imprensa da JBS afirmou que a reportagem foi elaborada com base em gravações de conversas telefônicas ocorridas em 2014. Na época, Joesley Batista já era presidente da holding J&F e Ricardo Saud ocupava o cargo de diretor de relações institucionais da mesma holding.

A holding, na época, já era controladora de diversas empresas e não apenas da JBS. Além disso, nas próprias ligações gravadas não há qualquer menção direta à JBS.

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