Auditor da Receita recebeu R$ 1,2 mi para fazer vista grossa a sonegações
O auditor da Receita Federal investigado na Operação Descarte, cuja segunda fase teve início nesta terça-feira (27), recebeu cerca de R$ 1,2 milhão em espécie como propina. O dinheiro foi pago por um escritório de advocacia que mantinha empresas fantasmas, que, por sua vez, prestavam serviços de sonegação de impostos para outras empresas.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o auditor era responsável por fiscalizar o escritório, mas fazia vista grossa aos atos ilícitos em troca de propina. Além do dinheiro, ele também teria recebido uma Porsche Cayenne, transferida para o seu nome.
A prisão do auditor foi solicitada pela PF, mas negada pelo juiz responsável. O magistrado considerou que o afastamento de suas funções seria o suficiente.
Segundo os investigadores, cerca de trinta empresas são investigadas pela Receita Federal de procurar esse escritório, a fim de sonegar taxas. A primeira fase da Descarte, que é um desdobramento da Lava Jato, teve inicio em março deste ano para investigar a Soma, concessionária de serviços públicos no município de São Paulo.
O consórcio era originalmente integrado pelas empresas Delta Construções, Cavo Serviços e Saneamento e Corpus Saneamento e Obras. O contrato foi celebrado em novembro de 2012. Em 2012, a Delta deixou o consórcio.
Os dois alvos de prisão preventiva, expedidos nesta segunda etapa da operação, ainda não foram localizados. A PF afirmou que não há informações de que eles teriam deixado o país.
A segunda fase da operação
A Polícia Federal deu início nesta terça-feira (27) à segunda fase da Operação Descarte. Batizada de Chiaroscuro, esta etapa tem como objetivo interromper a continuidade da prática de crimes e obter mais provas.
São cumpridos dois mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão. A ação foi deflagrada no estado de São Paulo, na capital e em São Carlos.
De acordo com as investigações, as empresas simulavam a venda de produtos e serviços. ao receber os pagamentos e emitir notas fiscais sobre os negócios fictícios, elas distribuíam os valores para contas no Brasil ou no exterior, ou realizavam a entrega de dinheiro em espécie aos envolvidos no grupo.
A Receita Federal já identificou e lançou como devidos R$80 milhões sonegados, referentes a transações fraudulentas. A pedido da PF, a Justiça Federal determinou o bloqueio de valores em nome dos investigados no montante de R$ 12 milhões, além de bens imóveis.
Com informações da repórter Nicole Fusco.
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