Auditor da Receita recebeu R$ 1,2 mi para fazer vista grossa a sonegações

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2018 12h59 - Atualizado em 27/11/2018 14h35
Arquivo/Agência Brasil Receita Federal estendeu o prazo de entrega do Imposto de Renda para 31 de maio por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus Os dois alvos de prisão preventiva, expedidos nesta segunda etapa da operação, ainda não foram localizados

O auditor da Receita Federal investigado na Operação Descarte, cuja segunda fase teve início nesta terça-feira (27), recebeu cerca de R$ 1,2 milhão em espécie como propina. O dinheiro foi pago por um escritório de advocacia que mantinha empresas fantasmas, que, por sua vez, prestavam serviços de sonegação de impostos para outras empresas.

De acordo com a Polícia Federal (PF), o auditor era responsável por fiscalizar o escritório, mas fazia vista grossa aos atos ilícitos em troca de propina. Além do dinheiro, ele também teria recebido uma Porsche Cayenne, transferida para o seu nome.

A prisão do auditor foi solicitada pela PF, mas negada pelo juiz responsável. O magistrado considerou que o afastamento de suas funções seria o suficiente.

Segundo os investigadores, cerca de trinta empresas são investigadas pela Receita Federal de procurar esse escritório, a fim de sonegar taxas. A primeira fase da Descarte, que é um desdobramento da Lava Jato, teve inicio em março deste ano para investigar a Soma, concessionária de serviços públicos no município de São Paulo.

O consórcio era originalmente integrado pelas empresas Delta Construções, Cavo Serviços e Saneamento e Corpus Saneamento e Obras. O contrato foi celebrado em novembro de 2012. Em 2012, a Delta deixou o consórcio.

Os dois alvos de prisão preventiva, expedidos nesta segunda etapa da operação, ainda não foram localizados. A PF afirmou que não há informações de que eles teriam deixado o país.

A segunda fase da operação

A Polícia Federal deu início nesta terça-feira (27) à segunda fase da Operação Descarte. Batizada de Chiaroscuro, esta etapa tem como objetivo interromper a continuidade da prática de crimes e obter mais provas.

São cumpridos dois mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão. A ação foi deflagrada no estado de São Paulo, na capital e em São Carlos.

De acordo com as investigações, as empresas simulavam a venda de produtos e serviços. ao receber os pagamentos e emitir notas fiscais sobre os negócios fictícios, elas distribuíam os valores para contas no Brasil ou no exterior, ou realizavam a entrega de dinheiro em espécie aos envolvidos no grupo.

A Receita Federal já identificou e lançou como devidos R$80 milhões sonegados, referentes a transações fraudulentas. A pedido da PF, a Justiça Federal determinou o bloqueio de valores em nome dos investigados no montante de R$ 12 milhões, além de bens imóveis.

Com informações da repórter Nicole Fusco.

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