Auxílio emergencial faz renda dos mais pobres ser 124% maior do que era antes da crise
Levantamento do Ipea também mostrou que 4,4 milhões de brasileiros sobreviveram ao mês de julho apenas com os R$ 600 distribuídos pelo governo
Em meio ao embate de equipes do governo federal sobre a prorrogação do auxílio emergencial, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a distribuição de R$ 600 aumentou em 124% o orçamento das famílias mais pobres em julho, na comparação aos rendimentos anteriores à pandemia do novo coronavírus. O estudo divulgado nesta quinta-feira, 27, ainda mostrou que 4,4 milhões de brasileiros sobreviveram o último mês apenas com os R$ 600 reais dados pelo governo federal. Na média geral, os trabalhadores receberam no mês passado 87% dos rendimentos habituais — 4 pontos percentuais ao registrado em junho.
A recuperação foi maior entre os trabalhadores autônomos, que ganharam em no mês passado 72% do recebido antes da crise da Covid-19, ante 63% em junho. Já os quem atuam no setor privado, mas sem carteira assinada, receberam 85% do habitual, contra 79% no mês anterior. Os trabalhadores do setor privado e registrados continuam a receber, na média, mais de 90% do rendimento habitual. O levantamento do Ipea é baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE).
“Pela primeira vez, desde o início da pandemia, o auxílio emergencial compensa em média mais que a diferença entre a renda efetiva e a habitual. Ou seja, entre os que permaneceram empregados, a renda média com o auxílio já é maior do que seria habitualmente”, afirma o economista e pesquisador do Ipea, Sandro Sacchet. O levantamento mostrou a disparidade dos impactos da crise. No Nordeste, o auxílio de R$ 600 fez com que a renda média alcançasse 86,7% em julho do habitual, ante 81,3% registrado no mês anteriro. Já no Centro-Oeste, a região menos impactada, o orçamento das famílias se manteve em 89,7% do anterior à crise.
Outros estudos divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no início de agosto, mostraram que a distribuição dos R$ 600 para quase metade da população fez o Brasil registrar entre maio e junho o menor percentual de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza em ao menos 40 anos, e elevou a renda média dos brasileiros em 24%. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o repasse será mantido até o fim do ano, mas com valor menor do que o atual. A extinção do pagamento está vinculado ao lançamento do Renda Brasil, programa de renda mínima que substituirá o Bolsa Família.
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