Ayres Britto: julgamento do mensalão abriu espaço para a Lava Jato
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan nesta quarta (29), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto analisou como o julgamento do mensalão, em sua visão, ajudou na deflagração da Operação Lava Jato, atualmente em curso.
“Aquele julgamento da ação penal 470 (do mensalão) foi um divisor de águas”, considerou Ayres Britto. “Sem esse tranco na cultura da impunidade, não haveria essa delação”. Ele lembra que a delação premiada, uma das bases da investigação da Lava Jato, deve vir acompanhada de provas cabais. O ex-ministro vê o julgamento de políticos e banqueiros no mensalão como exemplo de que “republicanamente a lei é para todos”.
O Supremo Tribunal Federal concedeu nesta terça (28) habeas corpus e liberou para prisão domiciliar nove empreiteiros da Operação Lava Jato.
O ex-ministro do Supremo avaliou que “havia fundamento jurídico tanto para a prisão (realizada por Sérgio Moro) quanto para o habeas corpus”. A medida “relaxou a prisão”, substituindo a prisão preventiva por outro procedimento de controle, a prisão domiciliar, com o uso da tornozeleira eletrônica
Apesar de o julgamento decorrente da Operação Lava Jato ainda estar em curso, Britto entende que “a Petrobras foi mesmo vítima de assalto” e lamenta o fato de o escândalo de desvios envolver agentes e partidos políticos.
Ele disse também que as instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público “estão funcionando bem, com independência política e qualificação técnica”.
Por fim, Britto avaliou que o novo indicado a ministro do STF Luiz Edson Fachin “teoricamente reúne as condições para chegar ao Supremo”.
(Foto do texto: Folhapress)
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