Baiano diz ter recebido R$ 500 mil da Odebrecht quando estava preso

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/06/2016 09h19
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Agencia Brasil Fernando Baiano

Um dos operadores de propina no esquema de corrupção instalado na Petrobras, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, admitiu à Polícia Federal que a Odebrecht lhe pagou R$ 550 mil, entre 2014 e 2015, quando ele estava preso.

Baiano passou quase um ano detido em Curitiba, base da Operação Lava Jato, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, e deixou a prisão após fechar acordo de delação premiada. Ex-aliado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o lobista foi protagonista de um repasse de US$ 5 milhões ao parlamentar, em 2011, que seria fruto do esquema na Petrobras.

No último dia 2, o empresário prestou novo depoimento à PF e foi questionado sobre as entregas de dinheiro em espécie feitas no endereço de sua empresa, Hawk Eyes, aos cuidados de seu irmão, Gustavo. Os valores teriam sido repassados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

O nome de Gustavo foi identificado em uma planilha secreta de propina apreendida na casa da secretária de altos executivos da empreiteira, Maria Lúcia Guimarães Tavares, suspeita de ser responsável por parte da distribuição da “rede de acarajés”, palavra que seria referência à propina.

Refinaria

O lobista explicou que, em 2009, foi procurado por Cezar Tavares e Luiz Carlos Moreira para que indicasse uma empresa interessada no projeto de uma refinaria em Angola. Segundo Baiano, a consultoria de Cezar Tavares havia sido contratada pela Sonangol, no país africano, para desenvolver novos negócios em Lobito. Ele decidiu, então, indicar a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, companhias com mais atuação em Luanda.

Para tanto, Baiano relatou que a escolha da consultoria foi para a Odebrecht e que a ideia de Tavares e Moreira era ajudar a construtora a vencer a concorrência para algumas obras na refinaria. Fernando Baiano procurou o então diretor da Odebrecht Rogério Araújo, preso em junho de 2015, para falar, segundo ele, sobre outras obras e aproximar as duas partes.

Em seu relato, o intermediário pontua ter participado apenas de duas reuniões com Tavares e a Odebrecht e depois de ter procurado a empreiteia, em 2012, no o intuito de receber pela consultoria prestada. Ambos não chegaram a um acordo sobre valores até 2014, quando o lobista foi preso e, de acordo com seu depoimento, a Odebrecht se recusou a “pagar alguém que estava preso”.

Por fim, o depoimento ainda aponta que esse teria sido o motivo de a construtora ter “pago por fora” ao seu irmão um contrato lícito. 

A reportagem não localizou Tavares e Moreira. A Odebrecht não quis se manifestar.

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