‘Bandidos mortos e fuzis apreendidos não valem um mindinho de inocente que morreu’, diz coronel sobre operação na Vila Cruzeiro

Em entrevista ao Pânico, o policial militar analisou os efeitos de grandes operações em comunidades cariocas entre moradores e crianças: ‘O impacto da violência é muito maior que se imagina’

  • Por Jovem Pan
  • 26/05/2022 16h46
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Reprodução/Pânico Coronel José Vicente no programa Pânico José Vicente, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, foi o convidado do programa Pânico desta quinta-feira, 26

Nesta quinta-feira, 26, o programa Pânico recebeu José Vicente, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo, que analisou o cenário da operação feita na comunidade de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, nesta semana. A ação resultou em ao menos 23 mortos. “É muito cedo para dizer que [a polícia] errou para caramba, errou mais ou menos ou acertou. Por sorte, a sobriedade do Bope, que é uma estrutura muito profissional, não fez nenhuma comemoração, que costumeiramente acontece. A operação foi severamente comprometida porque morreram inocentes. Vinte e seis bandidos mortos, 13 fuzis apreendidos e uma dúzia de granadas não valem um mindinho de inocente que morreu”, disse Vicente. O policial chamou a atenção para os impactos de desenvolvimento causados em crianças afetadas pela exposição ao crime e à violência. “Foram fechadas 33 escolas. Isso é muito grave, as crianças têm sequelas emocionais gravíssimas em razão desse tiroteio todo que aparece. O impacto da violência é muito maior que se imagina. E amanhã, como vai estar a favela do Cruzeiro? Está resolvido? Não voltam mais? O grande drama que estamos enfrentando no Rio de Janeiro é como tirar esse tormento da cabeça de milhões de habitantes que estão sob o comando de milícias e do Comando Vermelho. Há uma qualidade da segurança que está severamente comprometida.”

Para o especialista, parte do combate ao crime é impossibilitado por conta de decisões do Judiciário e pressão de ONGs. “O STJ tomou a decisão que policial não pode mais abordar pessoas, a não ser que tenha provas que esse indivíduo está envolvido em algum problema. Ou seja, se ele prender alguém, mas não tinha fundadas razões para abordar aquele cara, então não valeu a prisão. A ação policial ostensiva não é uma ação de direito, não tem nada a ver com direito, é uma polícia que está fazendo um trabalho sensível. Fora as ONGs, que batem feio nas polícias”, disse. No entanto, José Vicente ressalta o aperfeiçoamento policial e a baixa do índice da mortalidade em operações. “A polícia precisa de muito aperfeiçoamento, ela deve muito melhorar seu desempenho e cuidado com a letalidade. Em São Paulo tem uma morte a cada 400 presos. No Rio, é uma morte a cada 30 presos. Isso mostra a diferença de treinamento, de qualidade de supervisão. Polícia precisa aperfeiçoar sempre. São Paulo adotou as câmeras, está aperfeiçoando, é bom que se faça isso. O Rio de Janeiro tem um longo caminho para chegar ao Estado de São Paulo”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com Coronel José Vicente:

 

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