Inquérito de assassinato de Marielle cita visita de suspeito a Bolsonaro; defesa de presidente fala que reportagem mente

Registros da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estaria em Brasília neste dia

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2019 22h00 - Atualizado em 29/10/2019 22h32
Divulgação Porteiro disse que Élcio de Queiroz, acusado de ser o motorista do carro usado no crime, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Bolsonaro

O Jornal Nacional divulgou, nesta terça-feira (29), que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra escreveu no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes que Élcio de Queiroz, acusado de ser o motorista do carro usado no crime, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro.

O porteiro contou à polícia que Élcio foi ao local às 17h10min do dia 14 de março de 2018, com um Logan de placa AGH 8202, e informou que iria até a casa de número 58, que pertence à Bolsonaro. No entanto, segundo o Jornal Nacional, os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que o atual presidente estava em Brasília neste dia.

Além de Bolsonaro, o principal suspeito de matar Marielle e Anderson, Ronnie Lessa, também mora no condomínio.

No registro geral de imóveis, consta que a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro, que também é dono da casa 36, onde vive um dos filhos dele, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL). Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal (STF) a analisar a situação.

O porteiro afirmou, também, que quando ligou para pedir a autorização de Élcio, a voz que atendeu foi a do “Seu Jair”. Depois que o motorista entrou, ele acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras de segurança e viu que tinha ido para a casa 66 do condomínio, onde morava Ronnie Lessa.

Segundo o porteiro, ele ligou, então, novamente para a casa 58, e “Seu Jair” teria confirmado que sabia para onde Élcio estava indo. Fontes disseram ao Jornal Nacional que Élcio e Ronnie saíram do condomínio minutos depois no veículo de Ronnie, e embarcaram no carro usado no crime nas proximidades do condomínio.

A polícia prendeu os dois suspeitos de matar Marielle e Anderson no dia 12 de março deste ano. Ronnie é sargento aposentado da Polícia Militar e foi preso quando tentava fugir de casa, no Condomínio Vivendas da Barra.

Bolsonaro estaria em Brasília

Conforme apurações do Jornal Nacional, Bolsonaro estava em Brasília nesse dia, como mostram os registros de presença em duas votações no plenário: às 14h e às 20h30. Não poderia, portanto, estar no Rio, onde fica o condomínio.

No mesmo dia, Bolsonaro também postou vídeos nas redes sociais do lado de fora e dentro do gabinete em Brasília. Como a guarita tem equipamentos que gravam as conversas pelo interfone, os investigadores do caso vão apurar os arquivos de áudio para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58.

Ministério Público foi até Dias Toffoli

Representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília no último dia 17, depois de saber das informações envolvendo Bolsonaro, e perguntaram ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, se poderiam continuar depois que apareceu o nome do atual presidente.

Dias Toffoli ainda não respondeu. A polícia está chamando ex-funcionárias de Marielle para novos depoimentos.

Defesa de Bolsonaro

O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento do porteiro e afirmou que seria uma tentativa de atacar a imagem do presidente. “Eu nego isso. Isso é uma mentira. Deve ser um erro de digitação, alguma coisa. É o caso de uma investigação por esse falso testemunho”, defendeu.

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