Bolsonaro sugere que pai do presidente da OAB teria sido morto ‘pela própria esquerda’

Presidente isentou militares do caso e disse que Ação Popular poderia ter feito um ‘justiçamento’ contra o ex-integrante 

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2019 16h29 - Atualizado em 29/07/2019 16h44
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Flickr/Palácio do Planalto Bolsonaro diz que embaixadores do Brasil nos EUA

O presidente Jair Bolsonaro sugeriu, durante uma transmissão em vídeo ao vivo, que o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, teria sido morto pelo próprio grupo do qual fazia parte, a Ação Popular. Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu durante a Ditadura militar após ser preso pelo Exército.

“O pai do Santa Cruz integrava o grupo terrorista mais sanguinário que tinha, que era a Ação Popular de Recife. Esse pessoal tinha muitas ramificações no Brasil, tinha uma grande no Rio de Janeiro. Ele foi para lá e o pessoal ficou estupefato, achavam que o contato deveria ser feito através da cúpula. Então resolveram sumir com ele porque achavam que poderiam ser descobertos”, declarou o presidente, enquanto era filmado cortando o cabelo.

Mais cedo, Bolsonaro havia dito que sabia da história e que a contaria ao atual presidente da OAB “um dia, se ele quiser saber”. Mas se antecipou e disse que “ele não vai querer ouvir a verdade”.

Durante a transmissão, o presidente ainda isentou os militares do desaparecimento de Oliveira e disse que a Ação Popular poderia ter feito um ‘justiçamento’ contra o próprio ex-integrante.

“Não foram os militares que mataram ele, é muito fácil colocar a culpa nos militares por tudo”, disse. “Mas o que tinha naquele momento era uma guerra, um lado contra o outro. E ninguém duvida que havia justiçamentos das pessoas da própria esquerda quando desconfiavam de alguém”.

Bolsonaro também afirmou que Felipe Santa Cruz está “equivocado” em afirmar que o regime militar teria sido responsável pela morte do pai. “Não quero mexer com os sentimentos de ninguém, mas na minha opinião ele está equivocado ao ver só uma versão da história. A minha versão é de quem participou ativamente dos fatos”.

De acordo com o site da Comissão da Verdade, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu em 23 de fevereiro de 1974. O filho, Felipe, tinha dois anos quando ele sumiu ao sair da casa de seu irmão, Marcelo de Santa Cruz de Oliveira, no Rio de Janeiro, para encontrar um companheiro, chamado Eduardo Collier, que morava em Copacabana.

Quando saiu, Fernando disse ao irmão que, caso não voltasse até as 18 horas, teria sido preso. Nesse mesmo dia, Fernando e Eduardo, que eram amigos de infância, foram detidos por agentes do DOI-CODI/RJ e desapareceram.

 

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