Brasil já responde por 1 a cada 7 novos casos de Covid-19 no mundo

  • Por Jovem Pan
  • 20/05/2020 12h28
Ananda Migliano/Estadão Conteúdo Homem idoso andando na rua Idoso usa máscara para se proteger da infecção pelo novo coronavírus

Passados quase três meses desde o primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil (em 26 de fevereiro) e pouco mais de dois meses desde que foi registrada a primeira morte em decorrência da doença (17 de março), o País alcançou ontem a marca de mil mortes registradas em 24 horas. Também bateu o recorde de casos notificados em um dia. O Brasil já responde por 14%, um em cada sete, dos novos casos em todo o mundo.

Segundo o Ministério da Saúde, 17.971 pessoas perderam a vida no País por complicações da Covid-19 (foram 1.179 registros nas últimas 24 horas, o maior relato até agora). O recorde anterior havia ocorrido na terça-feira passada, quando 881 novas mortes confirmadas para Covid-19 foram registradas. No total, oficialmente 271.628 pessoas já foram infectadas. Houve 17.408 novos registros em 24 horas.

Considerando a evolução da pandemia em todo o mundo, o Brasil parece estar se tornando o novo epicentro da doença. Na última semana (entre os dias 12 e 18), o País respondeu por algo entre 12% e 14% dos novos casos notificados em todo o mundo. Isso significa que a cada 7 pessoas identificadas com a doença no planeta, uma delas estava no Brasil. Os números do País, porém, são bastante subnotificados. Estudo recente feito em São Paulo, com testes de sorologia, indicou que pelo menos 5% da população da capital pode já ter se contaminado.

Em números totais, o Brasil é o terceiro em número de casos (atrás de Estados Unidos e Rússia) e o sexto em mortes (atrás de Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha). Nesta semana que passou, entre as nações que ainda estão com taxas crescentes da doença, o Brasil também se destaca como aquele em que o crescimento está mais acelerado, à frente de Índia, Arábia Saudita, Peru e Rússia. Os EUA, apesar de serem o país com mais notificações no total (1,5 milhão) e ainda baterem o recorde de casos e de mortes por dia, parecem estar entrando em curva descendente, assim como ocorreu com os países europeus.

Já o Brasil ainda apresenta uma taxa de transmissão crescente. Estudo feito pelo Imperial College de Londres sobre o País, publicado no dia 8, estimou que o chamado número de reprodução está acima de 1, o que significa que cada pessoa infectada está transmitindo a doença para mais de uma, o que faz com que o número de casos novos seja sempre maior. Os autores alertam que a epidemia ainda não está sob controle no Brasil e é preciso tomar medidas mais dramáticas.

Fora de controle

“O número de casos está dobrando, em média, a cada 12 dias. Em dois meses, nesse ritmo, vai crescer 30 vezes”, diz o matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp, que trabalha com modelagens da expansão da doença.

Ele divulgou na semana passada um cálculo baseado na expansão observada em abril, indicando que a taxa de contágio para o estado de São Paulo é de 1,49, e para a capital, de 1,44. O número é semelhante ao obtido no cálculo do Imperial College, de 1,47 para o estado. Ou seja, cada 100 paulistas infectados transmitiam o novo coronavírus para quase 150 pessoas, em média – o estado também registra recorde casos diários.

O Brasil se junta ao grupo de quatro países no mundo que superaram a marca de mil óbitos atestados para a doença em um dia. Segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas Estados Unidos, Reino Unido, França e China chegaram a ter mais de mil mortes confirmadas para o novo coronavírus em 24 horas.

O País, porém, foi o que levou mais tempo entre todos para chegar à marca de mil óbitos registrados em 24 horas. No 30º dia após a primeira morte por coronavírus, o Reino Unido superou a barreira dos mil mortos em 24 horas. Já os EUA alcançaram o recorde em 33 dias. A França, por sua vez, atingiu pela primeira vez os mil mortos 50 dias após seu primeiro registro de óbito. Já o Brasil chegou aos mil mortos no 64º dia.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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