“Brasil não é um País só do mensalão ou Lava Jato”, diz novo presidente do TJ-SP

  • Por Agência Estado
  • 04/01/2016 17h58
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O governador Geraldo Alckmin durante Sessão de Abertura do Ano Judiciário de 2015 e Lançamento do "Projeto Audiência de Custódia”. Data: 06/02/2015. Local: São Paulo/SP. Foto: Edson Lopes Jr/A2AD Edson Lopes Jr./ A2D Prédio do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo

O desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, que nesta segunda-feira, 4, tomou posse em sessão administrativa da presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, disse que no País não há só mensalão ou Lava Jato. “Temos que entender que o Brasil não é um País apenas de um processo do mensalão ou dos processos da Operação Lava Jato. Nós temos milhares e milhares de processos de grande repercussão social que tramitam na nossa Justiça estadual e que tem, com certeza, importância para cada cidadão envolvido em litígios”, afirmou, em alusão aos dois escândalos de corrupção e desvios que marcaram os governos Lula e Dilma.

Paulo Dimas Mascaretti declarou que os juízes “têm um compromisso claro e diuturno no combate a todo e qualquer crime, principalmente os crimes contra a administração pública”. Ele ressaltou que seus pares na Corte paulista “sabem quantas ações civis públicas estão em andamento questionando improbidade administrativa e desvios de recursos do erário”.

“Nós estamos comprometidos com o combate à corrupção e a toda e qualquer atuação criminosa. Não podemos dizer que a corrupção é mais importante que os atentados contra a vida e contra o patrimônio das pessoas. Um trabalho muitas vezes desconhecido”, declarou o desembargador para uma plateia formada de magistrados, advogados, procuradores de Justiça e secretários de Estado que lotaram o Órgão Especial do TJ.

Aos 60 anos de idade, 33 na magistratura – antes, quatro anos como promotor de Justiça -, Mascaretti disse que “continua sonhando com um Judiciário forte, um Judiciário independente, respeitado e acreditado pela sociedade que serve”. “Nós precisamos acreditar nos nossos sonhos”, pregou o novo presidente do maior e mais importante tribunal estadual do País, com quase 50 mil servidores, 2,3 mil juízes, 356 desembargadores e um orçamento de R$ 10 bilhões para 2016.

“O juiz, normalmente, é um sonhador. Eu tenho visto ao longo da carreira colegas comprometidos, compromissados com a causa da Justiça, colegas que dispensam qualquer elogio porque foram talhados para vestir a toga, eles honram a nossa toga, e dão exemplos a cada dia. Eu tenho dito que não podemos abandonar os nossos sonhos e, justamente por sonharmos, nós temos que ter esperança e perseverança”, anotou Mascaretti.

O desembargador reconhece obstáculos na trilha para a Justiça que idealiza. “Todos dizem que teremos momentos de grandes dificuldades, mas esse quadro nós vamos vencer com comprometimento, com coragem, com amor à Justiça, jamais abandonando o nosso sonho de ver esse Judiciário independente, com autonomia financeira, um Judiciário que vai atender os anseios da nossa população. O ingrediente principal para que a gente possa realizar um grande trabalho nós temos, são os nossos magistrados e os nossos servidores. Temos pessoas comprometidas, pessoas de valor, de ideal, que não medem esforços para justamente atender os reclamos, os anseios por Justiça.”

Admitiu lentidão na rotina forense, mas ressaltou que o Poder que governará por dois anos “não vive uma crise ética”. “Sabemos da morosidade e das dificuldades que temos em termos de estrutura, mas se há uma crise de recursos financeiros nós não temos crise de recursos humanos, não temos uma crise ética, não temos uma crise moral dentro do nosso Judiciário que é composto por pessoas que honram a toga, por funcionários dedicados, comprometidos, por uma grande equipe de trabalho. Não vai faltar comprometimento e, principalmente, não vai faltar coragem. Nós continuaremos sonhando com um Judiciário melhor.”

Depois da posse, ao ser indagado sobre o motivo de ter citado mensalão e Lava Jato em seu pronunciamento, o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo declarou: “Todos os processos são importantes. Nos casos mais singelos temos que julgar pelo conteúdo, não podemos julgar pela capa e dar uma solução justa para o processo.”

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