Brasil vive impasse entre tomada de postura de Dilma e possível processo de impeachment, vê cientista político

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2015 10h50
Presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, em Brasília. 06/05/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino - 06/05/2015 Presidente Dilma Rousseff

A avaliação de 71% da população do governo Dilma como péssimo/ruim, a saída de partidos aliados da base na Câmara, denúncias envolvendo integrantes do partido no petrolão, aperto econômico e corte nos gastos do governo. “A soma de más notícias produzidas pelo mundo público é inacreditável”, avalia o cientista político Murillo de Aragão, advogado, jornalista e presidente da Arko Advice.

A instabilidade nos próximos meses é dada como fato pelo entrevistado no Jornal da Manhã da Jovem Pan. Ele vê dois cenários: ou Dilma supera a crise por meio do diálogo político, ou o processo pode se acelerar para um pedido de impeachment. “O País hoje está nesse impasse”, entre um gatilho para a solução amparado pelas instituições, ou uma “solução política suprainstitucional”, entende.

“A saída é o diálogo político em torno de uma pauta mínima de estabilização da ecomomia”, avalia. Para Aragão, “a frase de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente da República, PSDB) dizendo que ela (Dilma) é uma mulher honrada abre a possibilidade de ela tomar as devidas atitudes para se colocar como a liderança que ela não se colocou até agora”.

“Agora, se não for, a solução será política e provavelmente a questão do impeachment avançará dentro do Congresso”, analisa o especialista, destacando que “não é uma solução fácil nem de um lado dem do outro”.

Os três fatores

Para acontecer o impeachment, três elementos têm que estar estabelecidos, lembra Aragão: vontade popular, vontade política e motivo. A vontade popular está se manifestando e pode ter nova apresentação de força em 16 de agosto, para quando novos protestos anti-governo estão sendo organizados, destaca.

A vontade política está dividida, vê Aragão. “Há claramente um diferente posicionamento da Câmara com o Senado (…). A Câmara tem uma postura mais agressiva”, explica. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado na Operação Lava Jato, anunciou recentemente o rompimento oficial com o governo Dilma.

Já o motivo “ainda não se desenhou claramente”, avalia Aragão. Ele ressalta, entretanto, que isso pode mudar se o TCU rejeitar as contas de 2014 do governo federal, suspeitas de serem alvos de “pedaladas fiscais”;

A oigem

Aragão entende que a instabilidade do governo no Planalto começou há muitos anos, antes mesmo da crise econômica, e se agravou nas eleições do ano passado. “Isso foi uma crônica de morte anunciada”, disse o analista, com a “soma de erros políticos”.

Ele enumera: aliados maltratados, governo mal montado e a aventura de tentar eleger o petista Arlindo Chinaglia como presidente da Câmara (Cunha se elegeu e o PMDB, importante aliado na casa, mantém desde então, relação instável com o Planalto).

Ouça a entrevista completa no áudio do começo do texto.

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