Brumadinho: 30% das notícias mais divulgadas são falsas, aponta estudo

  • Por Jovem Pan
  • 04/02/2019 18h22 - Atualizado em 04/02/2019 18h24
Cadu Rolim/Estadão Conteúdo Até o momento, bombeiros contabilizaram 134 mortos e 199 desaparecidos após rompimento de barragem

Ao menos 30% das notícias mais divulgadas sobre a tragédia de Brumadinho (MG) na semana passada eram falsas ou incorretas, de acordo com estudo realizado pela Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ao contrário do que acontece em épocas eleitorais – em que fake news teriam como objetivo dar vantagens para determinados grupos políticos -, no caso da tragédia, a meta é atrair cliques, mesmo que o custo seja a propagação de mentiras e desinformação.

“A notícia sensacionalista, de aspecto emocional, gera clique”, resume o pesquisador da FGV Lucas Calil. “Quanto mais emocionais elas são, maior o engajamento.” Ainda assim, segundo ele, sempre pode existir um interesse político subjacente.

“Sempre pode interessar a um grupo político acelerar a investigação sobre as causas da tragédia, por exemplo”, observou. “Nesse caso específico, há centenas de forças envolvidas: as mineradoras, o governo do estado, o governo federal, os governos anteriores.”

Levantamento

A pesquisa foi feita a partir de todos os links sobre o rompimento da barragem compartilhados no Facebook entre 12 horas de 25 de janeiro (quando aconteceu o acidente) e as 12 horas da última sexta-feira, 1º de fevereiro.

Do total, os pesquisadores destacaram os 100 links com maior volume de interações (somando 26,9 milhões de comentários, compartilhamentos e reações), que foram analisados mais a fundo. Nada menos que 30 deles apresentaram “recursos de desinformação”.

A maior parte dos links de maior alcance de desinformação é de aspecto emocional, especialmente de resgate de pessoas e animais. Um dos vídeos mais divulgados, atribuído a um salvamento dos militares israelenses, ocorreu, na verdade, na guerra da Síria.

Outro levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas nos primeiros dias após a tragédia, revelou grande mobilização no Twitter. Entre às 12 horas de 25 de janeiro até 12h de 28 de janeiro, foram 3,95 milhões de menções na rede social.

Nesse caso, a maior parte das postagens (110 mil) era em solidariedade às vítimas e pedidos de ajuda. Cerca de 600 mil postagens (15% do debate) faziam algum tipo de referência à Vale, a empresa responsável pela barragem.

Entre às citações à mineradora, a maior parte a atacava por suposta negligência em relação às causas do desastre e ao atendimento das vítimas. A fiscalização ambiental também foi um dos temas abordado na rede, com 195 mil menções (5%).

*Com informações do Estadão Conteúdo

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