Quem é Bruno Araújo, o novo presidente nacional do PSDB
O ex-deputado federal Bruno Araújo foi eleito o novo presidente nacional do PSDB nesta sexta-feira (31), quando o partido realiza uma convenção para decidir quem irá suceder o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin no cargo. Apoiado pelo atual governador paulista, João Doria, Araújo é o cabeça da única chapa que concorre na disputa tucana e terá a missão de guiar a legenda após o fracasso nas eleições do ano passado e preparar os candidatos para as eleições municipais do ano que vem.
Natural de Recife, Bruno Araújo tem 47 anos e é formado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Seu primeiro cargo eletivo foi o de deputado estadual em Pernambuco, já pelo PSDB, em 1998, e reeleito em 2002. No primeiro mandato, ele foi eleito 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) e chegou a ser presidente da Casa por seis meses.
Em 2006, Araújo foi eleito deputado federal pela primeira vez, e renovou o mandato em 2010 e 2014, mesmo ano em que se tornou presidente do PSDB em Pernambuco. Em 2016, o parlamentar ganhou projeção nacional ao dar o voto decisivo na Câmara dos Deputados que levou o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado. Entre maio de 2016 e novembro de 2017, ele ainda foi ministro das Cidades no governo de Michel Temer.
Nas eleições de 2018, o advogado se candidatou ao Senado, mas não foi eleito. Ele teve 925.371 votos e ficou em quarto lugar, atrás dos eleitos Humberto Costa (PT) e Jarbas (MDB) e de Medonça Filho (DEM).
Lava Jato, Lula e enriquecimento
Na Câmara, Bruno Araújo declarou abertamente apoio à Lava Jato. No entanto, o ex-parlamentar foi investigado no âmbito da operação da Polícia Federal. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou uma investigação para apurar se ele recebeu propina da Odebrecht, como foi dito por delatores da empreiteira. A empresa teria repassado R$ 600 mil ao tucano. O inquérito não teve conclusão e foi arquivado em julho do ano passado.
O nome do presidente do PSDB voltou a aparecer em delações neste ano. Desta vez, o empresário Henrique Constantino, um dos sócios da Gol, afirmou que repassou dinheiro a Araújo por meio da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
Segundo a Folha de S.Paulo, Araújo aumentou seu patrimônio em 454% desde que foi eleito deputado federal pela primeira vez. Em 2006, ele declarou R$ 480 mil em bens à Justiça Eleitoral – R$ 941 mil, em valores corrigidos. Já nas eleições de 2018, seu patrimônio era de R$ 5,2 milhões.
Entre os bens, estão uma cobertura de luxo de frente para o mar, em Recife, no valor de R$ 5 milhões, um apartamento residencial na Avenida Faria Lima, em São Paulo, e R$ 1,3 milhão em contas no exterior. Em 2006, ele tinha uma cadeira cativa no Naútico, seu time de coração, e R$ 2.875 na poupança, entre outras coisas.
Durante a campanha do ano passado, Bruno Araújo evitou fazer críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo depois que o petista saiu da corrida eleitoral. Ele chegou a dizer que Lula foi “um presidente excepcional” para Pernambuco.
Vendo a popularidade do presidente Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado, o candidato ao Senado também se aproximou ao capitão reformado. Na reta final das eleições, ele recebeu apoio do Capitão Koury, coordenador das carreatas de Bolsonaro. Depois disso, ele deixou de citar Geraldo Alckmin em suas aparições públicas. O ex-governador era o candidato tucano à presidência.
Votos na Câmara
Em seus três mandatos na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo participou de votações importantes para o país. Além de ter votado pelo impeachment de Dilma Rousseff, ele também foi a favor da reforma trabalhista, da PEC do teto de gastos e da intervenção federal no Rio de Janeiro.
O deputado ainda votou a favor de Michel Temer nas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. Em 2015, ele também votou pela redução da maioridade penal, projeto que não foi aprovado.
Na última legislatura, entre 2015 e 2018, Bruno Araújo votou com a maioria dos deputados do PSDB em todos as grandes votações, exceto pela segunda denúncia contra Temer. Na ocasião, ele e outros 19 deputados votaram pela rejeição, enquanto 23 parlamentares tucanos foram contra.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.