Cabral fez mais de dois mil voos particulares com helicópteros do Estado, aponta MP
O Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou que o ex-governador Sérgio Cabral usou o helicóptero do Estado por 1.039 vezes, quase que diariamente, durante as férias escolares de seus filhos e em voos particulares para ir da zona sul do Rio até Mangaratiba, onde tinha casa de praia. Ao menos 109 vezes essa rota foi feita com três aeronaves de forma simultânea, levando convidados. As ocasiões eram chamadas pelos pilotos de “dia da revoada”.
Os dados fazem parte de um levantamento do Ministério Público, que revela que o ex-governador fez mais de dois mil voos particulares com helicópteros que deveriam estar a serviço do Estado do RJ, causando um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos. De acordo com o promotor de Justiça Cláudio Calo, o valor ainda não foi corrigido.
Segundo uma reportagem exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, Cabral realizou 2.281 voos para fins particulares e privados. Calo destacou que “apenas 396 desses voos foram feitos para fins oficiais”.
Até 2013 não havia um protocolo para o uso de helicópteros, mas depois de criadas as regras, as viagens diminuíram sensivelmente. O ex-procurador regional da República denunciou o abuso em 2013, em ações de improbidade, e pediu o ressarcimento dos prejuízos calculados.
O promotor Calo denuncia Cabral por peculato e disse que “o registro de voos passou a ser rígido e as informações foram colocadas no Portal da Transparência”. As investigações abrangem os dois mandatos de Cabral, de 2007 a 2014.
Durante as investigações, o promotor ressaltou que na ocasião o Estado tinha sete helicópteros à disposição, mas que três deles eram usados por Cabral. Calo afirmou ainda que, em seu segundo mandato, Cabral mandou comprar dois helicópteros ao custo de R$ 32,6 milhões.
Outra pessoa que também usou aeronaves do Estado para fins particulares foi Adriana Ancelmo. Foram 220 voos. O deputado Paulo melo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, também usou um helicóptero para ir a um sítio e a sua cidade natal.
De acordo com a defesa de Cabral, havia uma norma interna que orientava o então governador a não realizar deslocamentos por terra por questão de segurança. A defesa de Adriana Ancelmo diz que a ex-primeira-dama não irá se manifestar.
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