Cabral pagava mesada a 32 funcionários, diz delator

  • Por Jovem Pan
  • 09/12/2018 10h55 - Atualizado em 09/12/2018 11h05
Estadão Conteúdo Sérgio Cabral Do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, à cozinheira -- passando por secretária e office boy -- todos recebiam valores que variavam de R$ 500 a R$ 150 mil

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB), pagava mesada a 32 funcionários do Palácio Guanabara, residência oficial do chefe do Executivo do estado. A informação foi dada aos procuradores pelo delator Carlos Miranda, operador financeiro do esquema, e divulgada neste domingo (9) pelo jornal O Globo.

Do então vice-governador, Luiz Fernando Pezão, à cozinheira — passando por secretária e office boy — todos recebiam valores que variavam de R$ 150 mil (para o alto escalão) a R$ 500 (ao baixo clero).

Pezão, que está preso desde 29 de novembro, recebia em dinheiro vivo uma mesada de R$ 150 mil, assim como Wilson Carlos, secretário de Gestão, e Régis Fichtner, da Casa Civil. Também estavam nessa lista o próprio delator, Carlos Miranda, e Ary Ferreira da Costa Filho, assessor especial da Cabral.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (Crédito: Estadão Conteúdo)

O ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Aloysio Neves recebia R$ 100 mil mensais, ao passo que o assessor Sérgio de Castro Oliveira, conhecido como Serjão, era agraciado com mensalinhos de R$ 50 mil.

O ex-secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, estava no segundo grupo de propinas, com pagamentos mais baixos, de R$ 30 mil. Também se encontravam nessa lista assores e seguranças.

Já as mesadas básicas, que variavam de R$ 6 mil a R$ 500, eram distribuídas a secretárias, cozinheiras, motoristas e office boy. Na avaliação dos procuradores, no entanto, não há indícios de crimes cometidos por esses funcionários, ao contrário da alta cúpula, cujos integrantes já são alvos de denúncias ou até já estão presos.

Ainda de acordo com O Globo, Cabral também era generoso com familiares. Sua ex-mulher, Susana Cabral, recebia R$ 100 mil mensais, assim como os pais, Sérgio Cabral e Magali. O irmão, Maurício, ganhava R$ 30 mil e a irmã, Claudia, R$ 20 mil.

O delator dividiu as depesas de Cabral em cinco grupos: o primeiro, de gastos com a casa contas, itens de consumo e funcionários da residência; o segundo, com mesadas e salários dos funcionários do Guanabara; o terceiro, com despesas de sua mansão em Mangaratiba; o quarto, com a ex-mulher Susana Cabral; e, por último, com familiares dele, Cabral, e da esposa, Adriana Ancelmo.

Condenações

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi condenado a mais 14 anos e cinco meses de prisão, no último dia 4. Somadas, as penas contra o emedebista já somam quase 200 anos de prisão. O número ainda deve crescer, afinal, Cabral é réu em mais de vinte processos na Justiça Federal do estado.

Ele está preso desde novembro de 2016, quando foi detido na operação Calicute — um desdobramento da Lava Jato no Rio.

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