“Cada um vai puxar sardinha para seu lado”, diz deputado ao presidir sessão sobre reforma política

  • Por Jovem Pan
  • 23/08/2017 12h08 - Atualizado em 23/08/2017 12h13
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Deputado foi extremamente sincero ao comentar reforma política

Acontece nesta quarta-feira (23) mais um dia de discussão no plenário da Câmara sobre a reforma política, depois do adiamento da votação desta terça (22) por falta de consenso. O ritmo ainda era lento nesta manhã. Apesar de a análise da PEC 77/2003 estar marcada para as 9h, só depois das 11h, após longa sessão solene em homenagem ao Instituto Agronômico do Paraná, os deputados começaram a falar sobre a proposta.

O salão principal da Casa seguia vazio às 12h, enquanto as comissões tratavam de assuntos específicos na Câmara. Tanto que cabia ao quarto suplente de secretário da mesa diretora, Carlos Manato (SD-ES), presidir o debate no plenário. Enquanto passava a fala e ouvia a fala dos colegas parlamentares, Manato decidiu registrar sua opinião acerca da reforma política, com rara sinceridade:

“Sempre defendo que uma reforma bem-feita tem entrar em vigor em 2040. Aí nós não vamos ser deputados e vamos fazer uma reforma bem-feita. Fazer uma reforma de 2017 para 2018, cada um vai puxar sardinha para seu lado”, disse Carlos Manato.

Manato respondia à fala do deputado Mário Heringer (PDT-MG) (23), que criticou o financiamento público. “Interessante que quem criticou o financiamento empresarial agora critica o financiamento público”, disse Heringer, sugerindo uma postura mais propositiva da sociedade.

Pouco antes, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) se pronunciou contra o retorno do financiamento privado (de empresas) de campanhas eleitorais, que “há muito tempo vinha gerando uma promiscuidade sem fim”.

Acompanhe ao vivo a sessão deliberativa sobre a reforma política:

A proposta chegou a ter o processo de análise iniciado no final da noite no Plenário da Câmara dos Deputados, mas um impasse sobre a votação fatiada do texto inviabilizou o andamentos dos trabalhos. Um requerimento apresentado sugeria a votação, em primeiro lugar, do sistema eleitoral “distritão” para eleição de deputados em 2018 e 2022 e de vereadores em 2020.

O “distritão” é um dos pontos mais polêmicos da proposta. Trata-se do sistema majoritário, em que serão eleitos os mais votados em cada estado. Hoje, deputados e vereadores são eleitos pelo sistema proporcional, em que as cadeiras das câmaras e assembleias são divididas de acordo com o desempenho nas urnas do partido ou coligação.

A sessão foi marcada por alguns momentos mais tensos, como o bate-boca entre o deputado José Guimarães (PT-CE), líder da minoria, e o presidente da Casa. Guimarães acusou Rodrigo Maia (DEM-RJ) de “manobrar” para garantir a reforma política e foi prontamente rebatido.

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