Câmara aprova pacotão de Doria para concessão do Mercadão, parques e bilhete único
Mercadão e sacolões
Críticas
Para destravar o projeto na Câmara, Doria já havia retirado na véspera do pacote de concessão o sistema de compartilhamento de bicicletas, que foi regulado por decreto do prefeito, e do mobiliário urbano, que terá um projeto de lei específico. “É uma grande vitória para a gestão, uma vez que a essência do projeto foi mantida”, disse o líder do governo Aurélio Nomura (PSDB).
Já para o petista Donato, a alteração “mostra a fragilidade do projeto”.
O pacote de concessões ainda voltou a ser duramente criticado por vereadores da oposição e até da base de Doria. Ex-secretária de Direitos Humanos, a tucana Patrícia Bezerra disse que o projeto era uma “excrescência” e que não garante investimento social.
Principal partido de oposição a Doria, o PT obstruiu a tramitação do projeto até o fim da noite e não descartava acionar a Justiça para tentar anular o texto aprovado. “É um projeto genérico porque não traz as diretrizes do edital – nem um estudo de viabilidade – e ilegal porque não define os prazos de concessões”, afirmou Antonio Donato, líder do PT na Casa.
Garantias aos parques
Duas emendas do vereador Natalini (PV) referentes à concessão dos parques também foram aprovadas pela Câmara. Elas exigem que o futuro concessionário das áreas verdes garanta a defesa e a manutenção dos serviços ambientais já existentes. Ou seja, o setor privado não pode arrancar nenhuma árvore.
“O parque municipal tem uma importância muito grande na prestação de serviço ambiental com nascentes, córregos, lagos, matas, árvores, fauna e área de permeabilização. As emendas colocam na Lei que se mantenha esses serviços ambientais. Não pode virar clube”, disse o médico e ambientalista.
Também está garantida no texto da Lei a entrada gratuita dos paulistanos em todos os parques da cidade, conforme sugestão feita pelo vereador José Police Neto (PSD). Neste caso o Executivo incorporou a alteração no texto substitutivo.
Prédios em terminais
Para viabilizar a concessão dos 27 terminais de ônibus da cidade, a gestão Doria alterou a lei para liberar a construção e venda de uma área superior a 11 vezes o tamanho do Edifício Copan, um dos maiores da cidade, em cima dos próprios espaços ou em um raio de 600 metros ao redor deles.
Os empresários vencedores da licitação deste item devem fazer intervenções no entorno dos locais. Além disso, caso construam prédios sobre os terminais, deverão garantir 5% da área para habitação popular. A sugestão acolhida pelo governo é do vereador Paulo Frange (PTB).
“Vai ter um volume de construção muito grande. Se determinada região tiver pessoas morando em áreas de risco, em vez de a gente aguardar que seja construído um conjunto residencial, eles podem imediatamente ocupar esses espaços. O município precisa muito disso”, explicou o petebista.
Já o vereador Celso Jatene (PR) viu na questão de aumentar o potencial construtivo dos terminais um dos motivos para votar “não”. No encaminhamento do voto ele alertou para problemas que podem ser questionados na Justiça pelo MPE (Ministério Público Estadual).
“Quem ganhar a concessão dos terminais tem direito de construir acima da área permitida e nos 600 metros do entorno, sem nenhuma outorga onerosa, pagando zero por isso. Acho que a Câmara Municipal tem sido muito complacente”, criticou.
Bilhetes únicos
A exploração comercial do sistema de bilhetagem do transporte público também foi contemplada no projeto. Por sugestão da líder dos tucanos, a vereadora Adriana Ramalho, as informações dos usuários serão mantidas em sigilo. Quem ganhar a concessão do Bilhete Único poderá incorporar aos cartões bandeiras de cartão de crédito e outros serviços. No entanto, o Executivo deve garantir que o passageiro que quiser o bilhete apenas para andar de transporte público tenha essa opção.
A quarta emenda do Legislativo votada em Plenário é de autoria do vereador Ricardo Nunes (PMDB). O texto prevê a inclusão de um futuro transporte público hidroviário no novo sistema de bilhetagem.
Mais privatizações
Agora a Câmara trabalha sobre outros projetos de lei que fazem parte do Plano Municipal de Desestatização (PMD) da gestão João Doria: a privatização do Anhembi e a alienação de imóveis e terrenos públicos já estão na Casa legislativa. A concessão do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho já tinha sido aprovada no dia 30 de agosto.
*Com informações da Agência Câmara e complementares de Estadão Conteúdo
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