Caminho até o Lollapalooza tem venda de drogas, furtos e bilhetes de trem inflacionados

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2019 15h52
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Jovem Pan O caminho da estação Autódromo até o Lollapalooza foi percorrido por centenas de milhares de pessoas

O caminho de cerca de 1,2 km entre a estação Autódromo da CPTM e a entrada do Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, foi percorrido por centenas de milhares de pessoas durante os três dias do Lollapalooza Brasil 2019, que terminou neste domingo (7). Para chegar ao festival, os fãs tinham de enfrentar centenas de vendedores ambulantes que vendiam capas de chuva, bebidas, souvenirs e até drogas.

O esquema montado pela prefeitura de São Paulo e a organização do festival fazia com que quem chegasse pela estação Autódromo seguisse até o Lollapalooza pela Rua Plínio Schimdt, Avenida Feliciano Costa e Avenida Jacinto Júlio, onde ficava o portão de entrada.

O trajeto era monitorado o tempo todo por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e policiais militares, mas isso não impediu a ação de vendedores ambulantes, traficantes e cambistas, que estavam cobrando cerca de R$ 400 por uma pulseira para o festival. Na sexta-feira (5), a PM prendeu um homem suspeito de ter furtado celulares no entorno do festival. Ele foi detido com 20 aparelhos.

Drogas e aposta na chuva na ida

A maior concentração de ambulantes era na Avenida Feliciano Costa. No caminho de cerca de 350 metros, alguns vendedores ofereciam drogas em alto e bom som. A reportagem da Jovem Pan viu um homem anunciar que estava vendendo cigarros de maconha já prontos, enquanto outro vendia folhas de seda avisando que dentro do festival não tinha papel para “bolar o baseado”. Além de maconha, os traficantes ainda ofereciam cocaína e LSD sem serem incomodados pela polícia.

Mas a grande aposta dos ambulantes era nas capas de chuva, principalmente no domingo, dia seguinte ao festival ter sido evacuado por causa da tempestade que caiu sobre a cidade. As capas eram vendidas por R$ 5, mas o preço era imediatamente inflacionado quando as primeiras gotas de água começavam a cair do céu.

Atentos às regras do Lolla, os vendedores também ofereciam sacos fechados com copos d’água – os fãs não podiam entrar no festival com garrafas. Além disso, eles estavam de olho no lineup: na sexta-feira, as vitrines improvisadas estavam tomadas por camisetas do Arctic Monkeys, atração principal do primeiro dia. Já no domingo, o destaque era o Greta Van Fleet. Os ambulantes também vendiam bottons e placas das bandas, mostrando que fizeram a lição de casa direitinho.

Festa e inflação na volta

No final do dia, os fãs tinham de fazer o caminho de volta entre o Lollapalooza e a estação – e os ambulantes estavam lá novamente. Eles aproveitavam o ânimo de quem não queria voltar para casa para vender bebidas. Os bares ao longo do trajeto tocavam músicas de bandas do festival e atraiam quem queria continuar a festa.

Em vez das capas de chuva, os vendedores apostavam em outro produto: os bilhetes de trem. Apesar dos insistentes avisos na estação Autódromo para que os fãs comprassem bilhetes de ida e volta para evitar filas, muita gente voltava do festival sem ter o ticket.

Para vender seu produto, os ambulantes alarmavam quem ainda tinha que comprar o bilhete e diziam que as filas na bilheteria estavam gigantes, o que não se confirmava. O preço do ticket, no entanto, era muito inflacionado. A reportagem da Jovem Pan flagrou gente vendendo um bilhete por R$ 8 – a tarifa da CPTM é R$ 4,30.

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