Cármen Lúcia assume a presidência do Supremo Tribunal Federal; mandato será de dois anos

Cármen Lúcia assumiu a presidência do STF nesta segunda-feira (12)

Cármen Lúcia e Michel Temer na posse

A ministra Cármen Lúcia tomou posse na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (12). Com mandato de dois anos, a ministra sucede a Ricardo Lewandowski. O novo vice-presidente é o ministro Dias Toffoli.

Cámem Lúcia começou seu discurso dizendo que fugiria ao protocolo. Tratando como mais alta autoridade alguém que só estava presente de maneira simbólica: o povo brasileiro, ao invés de agradecer a presença, como de praxe, das principais autoridades.

Depois disso, no entanto, ela fez um discurso comportado, cujas maiores irreverências foram as citações a letras de música popular e escritores brasileiros. Letras dos Titãs, de Caetano Veloso, e textos de Paulo Mendes Campos e Guimarães Rosa foram contemplados.

Quem fugiu mesmo ao protocolo foi o ministro Celso de Mello encarregado, como decano, de fazer o discurso de abertura da cerimônia. Sentado de frente para o presidente do Senado, Renan Calheiro,s e tendo às suas costas os ex-presidentes Lula e Sarney e o governador de MG, Fernando Pimentel, todos eles implicados em escândalos de corrupção, o ministro fez uma fala dura.

Celso de Mello, diante desta configuração, fez questão em reforçar que o “brasileiro tem direito a um governo honesto”. Além de mencionar “profanadores da República” e “infiéis da causa pública e indignos do poder”.

A nova presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda fez menção à crise pela qual o País passa. “Talvez estejamos vivendo tempos mais difíceis. Talvez, porque também cada geração tenha a ilusão e um pouco de soberba de achar que o seu é o maior desafio. Mas é certo que se modificaram na raiz os paradigmas antes adotados, exauriram-se os modelos estatais antes aproveitados. O sonho de ser feliz e de viver numa sociedade justiça é o mesmo, o de sempre. Alguma coisa está fora de ordem”, disse.

Segundo ela, vivemos hoje tempos tormentosos e há que se fazer a travessia para tempos mais pacificados. Cármen Lúcia disse que nosso tempo exige maior cuidado, “prudência pra saber ouvir, entender e coragem pra enfrentar o que precisa ser mudado, respeitado, a despeito de interesses”.

A presidente do STF afirmou que a luta pela justiça parece mais firme, “fruto, no caso brasileiro, da experiência democrática”. Ela reconheceu, no entanto, ser de “inegável gravidade e difícil solução rápida” o julgamento em prazo razoável de processos multiplicados.