Caso Marielle: as perguntas que ainda não foram respondidas
Nesta quarta-feira (14), o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa oito meses – e, até o momento, há muitas dúvidas e poucas respostas sobre o caso. Por conta disso, a ONG Anistia Internacional divulgou um levantamento chamado “O labirinto do caso Marielle Franco” em que reúne as informações já apuradas pela polícia e levanta questionamentos ainda sem solução.
Aconteceu na noite de 14 de março. Marielle e sua assessora deixaram o bairro do Estácio, no centro do Rio de Janeiro, em um carro dirigido por Anderson Gomes. Poucos minutos depois, o trio foi abordado e 13 disparos foram feitos contra o veículo. Marielle e Anderson morreram no local. A assessora conseguiu escapar.
As investigações avançaram desde então, mas ainda restam dúvidas essenciais, incluindo, obviamente, “quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes?”. Aqui você confere algumas das principais questões presentes no relatório.
1 – Qual é a relação [do caso] com um grupo de extermínio de São Paulo?
Marielle era conhecida, entre muitas razões, por se opor à atividade de milicianos em comunidades cariocas. Seu assassinato aconteceu cerca de uma década após a CPI das milícias no estado, liderada pelo seu partido, o PSOL, e encabeçada por seu amigo Marcelo Freixo, deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Acontece que um grupo de extermínio de São Paulo envolvido na chacina de Osasco e Barueri que vitimou pelo menos 20 pessoas, acabou aparecendo nas investigações. Isso porque a munição utilizada no assassinato da vereadora aparentemente pertencia a um lote desviado da Polícia Federal, o UZZ-18, o mesmo ao que pertenciam as balas utilizadas na chacina. Como esse lote foi extraviado da PF? Por quem? Como chegou ao Rio? Qual é a relação com o grupo de extermínio?
2 – Quem desligou as câmeras?
Já se sabe que pelo menos dois carros participaram da emboscada contra Marielle. Um deles seguiu a vereadora até um evento no bairro do Estácio e aguardou sua saída para segui-la. Esse trajeto é conhecido pelas autoridades e até mesmo o local onde foram feitos os disparos tinha câmeras de segurança do Centro Integrado de Comando e Controle do Rio de Janeiro. Entretanto, poucos dias antes do atentado, essas câmeras foram desligadas. Quem desligou? De onde os carros vieram e para onde foram? O trajeto não foi mapeado?
3 – O que as autoridades têm a dizer sobre tantas informações veiculadas que sugerem uma inconformidade com o devido processo?
Para a Anistia Internacional, são muitas as inconsistências das investigações. Elas vão de testemunhas sendo supostamente coagidas até possível descaso com o armazenamento de provas. De acordo com o levantamento, por exemplo, o carro em que Marielle e Anderson foram assassinados não foi estacionado em ambiente controlado e ficou exposto a condições climáticas e a interferências. Além disso, os corpos não passaram por um raio-x devido à ausência de equipamentos, segundo as autoridades. Outra inconstância é o silêncio quanto ao rastreamento do sinal do celular utilizado por um dos assassinos, como pode ser visto em filmagens das câmeras no local do evento, em Estácio. O que as autoridades têm a dizer, então, sobre essas e outras informações que questionam a imparcialidade da investigação? Houve (ou está havendo) alguma negligência?
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.