Caso Marielle: Vestígios deixados antes do crime levaram à prisão de PMs

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2019 13h40 - Atualizado em 12/03/2019 14h13
Reprodução/TV Globo O delegado responsável pela Divisão de Homicídios da capital fluminense, Giniton Lages O delegado responsável pela Divisão de Homicídios da capital fluminense, Giniton Lages

O policial militar reformado Ronnie Lessa e o o ex-PM Élcio Queiroz deixaram vestígios antes de matarem a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes há um ano. Segundo o delegado responsável pela Divisão de Homicídios da capital fluminense, Giniton Lages, Ronnie pesquisou, “dias antes do crime, a rua onde ela [Marielle Franco] morava”. Os dois foram presos nesta terça-feira (12).

Ronnie também buscou informações sobre o armamento que usou no dia crime e sobre silenciadores específicos para a arma, assim como sobre o atual deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e a esposa dele, conforme informou Lages.

De acordo com o delegado, ele sempre foi investigado, mas o Disque-denúncia recebeu a informação de que o ocopante do Cobalt, que perseguiu o veículo de Marielle antes do crime, era Ronnie — e que ele havia saído de um restaurante chamado Tamboriú — atualmente conhecido como Varandas.

“Ele sempre foi investigado. Mas, um dia, uma informação entrou [no disque denúncia], informando quem era o ocupante do veículo e de onde ele saiu. Até então, não tínhamos coletado nada contundente”, explicou o delegado.

Élcio Queiroz foi apontado pelas investigações como o motorista do carro que emparelhou com o de Marielle para o ataque.

Queiroz tinha antecedentes: havia sido preso em 2011 na Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que investigou o envolvimento de policiais militares com traficantes de drogas e com grupos milicianos. Na época, era lotado no Batalhão de Olaria (16º BPM). Quatro anos depois, foi expulso da Polícia Militar.

Obsessão

O delegado Giniton Lages afirmou que Ronnie Lessa tinha uma “obsessão por personalidades que militam à esquerda política” e que foi possível perceber “ódio e desejo de morte”. “O comportamento dele é o de alguém capaz de resolver as diferenças da forma como o caso Marielle”, resumiu o delegado.

Segudo Lages, ainda não é possível apontar se Ronnie foi pago para executar a vereadora ou se cometeu o crime por conta própria. A questão será esclarecida, de acordo com ele, na segunda fase da Operação Lume.

Carro clonado

O Cobalt usado na noite do crime era clonado. Segundo os investigadores, 126 veículos desse mesmo modelo estavam na cidade do Rio de Janeiro no dia dos assassinatos de Marielle e Anderson. Os donos desses veículos foram procurados pela polícia.

A dona do Cobalt que corresponde ao que foi flagrado na cena do crime é uma cuidadora e estava trabalhando no dia 14 de março do ano passado. “Esse carro era provido de GPS. Quando pedimos as resultantes, o GPS também revelou que o carro permaneceu estacionado na residência [dela].”

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.