Catta Preta afirma em entrevista que encerrou carreira por ameaças de membros da CPI

  • Por Jovem Pan
  • 30/07/2015 21h58
Reprodução/TV Globo Beatriz Catta Preta em entrevista ao Jornal Nacional

A advogada Beatriz Catta Preta disse nesta quinta-feira (30), em entrevista ao Jornal Nacional, que decidiu abandonar a carreira por se sentir ameaçada e intimidada por integrantes da CPI da Petrobras.

Questionada sobre quem seriam os autores das supostas tentativas de intimidação, Catta Preta respondeu que vinha dos integrantes da comissão: “daqueles que votaram a favor da minha convocação”.

“Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela segurança da minha familia, dos meus filhos, eu decidi encerrar a minha carreira na advocacia. Eu fechei o escritório”, declarou.

Na entrevista ao repórter César Tralli, ela disse que recebeu ameaças de maneira “velada”. “Não recebi ameaças de morte, não recebi ameaças diretas, mas elas vêm de forma velada, elas vêm cifradas”, explicou.

O deputado Hugo Motta divulgou uma nota dizendo que a convocação para o depoimento não significa uma perseguição. “O requerimento de convocação da advogada Beatriz Catta Preta foi aprovado por unanimidade no plenário da CPI da Petrobras. A vontade de investigar a origem dos honorários da advogada é suprapartidária, o que afasta de vez a acusação de perseguição”, diz a nota.

Depoimento de Júlio Camargo

Na entrevista ao JN, Catta Preta disse ainda que passou a sofrer tais intimidações após a mudança do depoimento do empresário Júlio Camargo.

Ele havia dito que não tinha conhecimento de envolvimento no esquema de corrupção na estatal de pessoas com foro privilegiado. No entanto, o empresário da Toyo Setal e delator na Operação Lava Jato, disse posteriormente ao juiz Sérgio Moro que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu a ele uma propina de US$ 5 milhões em um contrato de navios-sonda da Petrobras.

Segundo Catta Preta, Júlio Camargo não havia falado de Eduardo Cunha antes por medo. “Receio. Ele tinha medo de chegar ao presidente da Câmara”, disse.

Honorários

Catta Preta negou o recebimento de R$ 20 milhões em honorários. Segundo ela afirmou em entrevista, o número é “absurdo, não chega perto da metade disso”.

Ela explicou que o dinheiro foi recebido no Brasil por transferência bancária ou em cheque, com emissões de nota fiscal e recolhimento de impostos.

Depoimento na CPI

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, concedeu nesta quinta-feira (30) liminar para impedir que a advogada Beatriz Catta Preta, ex-defensora de investigados na Operação Lava Jato, seja obrigada a prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. A convocação da criminalista foi aprovada dia 9 de julho.

Com a decisão do ministro, Beatriz poderá ficar em silêncio durante o depoimento, que ainda não foi marcado, não poderá ser obrigada a assinar termo de compromisso para dizer a verdade e terá direito a ser acompanhada por seu advogado.

Ela declarou que se tiver de comparecer à CPI para prestar esclarecimentos, utilizará seu direito ao silêncio. “Se eu tiver que ir à CPI, infelizmente tudo o que eu vou poder dizer a eles é que eu mantenho o sigilo profissional e não vou revelar nenhum dado que esteja protegido por sigilo”.

Viagem para Miami

Catta Preta afirmou ao JN que não se mudou para Miami, nos Estados Unidos em razão das supostas intimidações, mas sim por uma viagem de férias com os filhos.

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