Pandemia provoca redução ou paralisação da produção de 65% das indústrias

Levantamento da CNI mostra que 83% das empresas afirmam que precisarão de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-Covid-19; entidade fecha acordo com plataforma israelense para o desenvolvimento do setor

  • Por Giullia Chechia Mazza
  • 01/07/2020 09h26 - Atualizado em 07/08/2020 13h28
EFE/EPA/SEBASTIEN COURDJI Medidas de isolamento social reeditadas em março foram apontadas como principal responsável pela queda da economia do mês Estudo da CNI mostra impacto da pandemia nas empresas

Os efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus provocaram redução ou paralisação de 65% das empresas de médio e grande portes. É o que aponta o estudo “Inovação na indústria”, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao instituto FSB Pesquisa. O levantamento, realizado entre os dias 18 e 26 de junho com 402 companhias, indicou ainda que 69% delas perderam faturamento. As restrições tecnológicas e a falta de soluções inovadoras explicam grande parte do impacto negativo sofrido pelo setor. “A maioria das empresas foi afetada ou muito afetada pela pandemia — tanto em relação aos negócios, quanto à produção. Neste sentido, 83% das companhias declararam que precisarão de mais inovação para crescer ou sobreviver no mundo pós-pandemia”, afirma Gianna Cardoso Sagazio, diretora de inovação da CNI, em entrevista à Jovem Pan.

De acordo com Sagazio, as soluções inovadoras serão decisivas para que o país minimize os prejuízos sociais e econômicos a curto prazo e, a longo prazo, retome o crescimento, adquira novas tecnologias e alavanque a indústria nacional. “A inovação aberta é necessária não apenas para as empresas, mas também para a economia de todo o país. As indústrias que investem nesta ferramenta obtêm retorno financeiro e estratégico, geram empregos de qualidade, aumentam a competitividade do setor e, desta forma, impulsionam a indústria nacional no mercado global”, diz.

A recessão e seus reflexos no setor industrial evidenciam a necessidade de mudança. Entre as empresas consultadas, 68% afirmam que modificaram de alguma forma seu processo produtivo; no entanto, apenas 56% delas consideram ter inovado, de fato, após a mudança. Falta de recursos, de informação e pessoal qualificado configuram os principais entraves que atrasam as soluções inovadoras nas companhias. 

Acordo estratégico

Visando diminuir tais limitações e impulsionar a cultura da inovação entre as indústrias brasileiras, a CNI anuncia nesta quarta-feira (01) um acordo estratégico com a SOSA, plataforma israelense de atuação global em inovação aberta. A parceria inaugura um processo de engajamento e colaboração com as tecnologias 4.0 em desenvolvimento no exterior ao possibilitar que indústrias e startups nacionais acessem os ecossistemas de tecnologia da SOSA em Nova York e Tel Aviv. As empresas interessadas no programa participarão de workshops, eventos técnicos, atividades monitoradas, demonstrações exclusivas, relatórios especiais e atualizações sobre as últimas tendências da tecnologia global. Os eventos têm como objetivo aumentar o acesso à informação e aprimorar a vantagem competitiva da indústria brasileira. 

“A união entre a CNI e a SOSA ampliará a presença nacional na esfera da inovação. É fundamental que o Brasil fortaleça sua indústria e, para isso, é preciso que haja maior investimento em informação. Não vamos superar a crise se não tivermos um sistema interligado com articulação entre o governo e o setor industrial em busca do mesmo objetivo, o desenvolvimento”, conclui Sagazio.

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