Coaf revela tentativa de depósito de R$ 20 mi para empresa do coronel Lima em SP

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2019 17h42
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Montagem/Reprodução e EFE Coronel Lima é amigo e suposto operador financeiro do ex-presidente Michel Temer

Uma prisão na Operação Skala, da Polícia Federal, e uma devassa na Operação Patmos não impediram o coronel João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente Michel Temer, de tentar movimentar altas cifras em dinheiro vivo, segundo constatou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O órgão, agora vinculado ao Ministério da Justiça, apontou que uma pessoa não identificada realizou uma tentativa frustrada de depositar R$ 20 milhões em dinheiro vivo na conta da empresa de Lima, a Argeplan.

Coronel Lima foi preso nesta quinta-feira (21), ao lado do ex-presidente e outros investigados por propinas em obras da Eletronuclear para a Usina de Angra 3. Ele já é denunciado no inquérito dos Portos, em que é apontado como suposto intermediário de propinas do ex-presidente. Aliado de Temer desde os anos 1980, nesta investigação ele está sob suspeita de intermediar supostas propinas de R$ 1 milhão da Engevix.

Lima já havia sido alvo de buscas e apreensões na Operação Patmos (maio de 2017), embasada na delação da JBS, e preso na Skala (março de 2018), que mirava o circulo de amizades do ex-presidente emedebista.

Desde que entrou na mira da PF, em maio de 2017, coronel Lima tem se esquivado de prestar depoimentos sob a alegação de que está doente, e que teve um AVC. Segundo os investigadores, no entanto, ele não afirmou à Receita Federal ser portador de qualquer doença grave. “Isso leva a crer que o Coronel Lima não apresenta doença grave que possa, de alguma forma, interferir na decretação da prisão preventiva.”

Segundo o Ministério Público Federal, além de tudo, ele continua a lavar dinheiro. “Prova de que Coronel Lima continua atuando na lavagem de capitais em prol da organização criminosa é a informação do COAF sobre a tentativa de depósito de R$ 20.000 000,00 (vinte milhões de reais) em espécie, em 23/10/2018, na conta bancária da Argeplan, que apenas não se concretizou diante da negativa da instituição bancária”, disse o órgão.

O Coaf recebeu as informações de uma agência bancária na rua Heitor Penteado, na Vila Madalena, mesmo bairro onde fica sediada a Argeplan. O banco informou ao Conselho que a conta da empresa de Coronel Lima foi aberta naquela agência e é “de conhecimento público que este sócio é acusado de ser suposto intermediador no recebimento de recursos de origem duvidosa”.

No dia 23 de outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, o banco reporta, “de boa fé”, ao Coaf que houve uma “tentativa de depósito em espécie no valor de R$ 20 milhões”.

“O depósito foi recusado na agência, sendo que na abordagem foi solicitado ao portador a comprovação da origem dos valores para recebimento e reativação da conta, em atendimento à legislação de PLD vigente. O portador, que não se identificou, se retirou da agência e não obteve êxito na realização do depósito”, diz.

Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio, há, “portanto, demonstração concreta da necessidade de decretação da prisão preventiva de João Baptista Lima Filho para assegurar a ordem pública e impedir a continuidade dos atos criminosos que já se perpetuam há 40 anos (e continuaram a acontecer mesmo após a decretação de sua prisão temporária)”.

*Com Estadão Conteúdo

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